A propósito da queda de Hosni Mubarak, o meu Velho amigo Eugénio Costa Almeida pergunta “onde estão os cerca de 88,6% de egípcios que o elegeram nas últimas eleições e os 60% que o (re)aprovaram em Setembro de 2005?”
Pois é. Além disso, relembra igualmente que o partido fundado por Mubarak, até agora no poder, está integrado na Internacional Socialista, acrescentando que é “interessante como muitos partidos ditos democráticos, mas com práticas bem autocratas e ditatoriais e no poder há muitos anos, alguns há mesmo mais de vinte anos, são aliados ou associados da Internacional Socialista…”
Não sei se o Eugénio se referia a Angola. Mas, aproveitando essa possibilidade, recordo que Angola é o único Estado da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, à qual aliás preside, que têm há 31 anos o mesmo presidente e que nunca foi eleito. Isto para além de ser (des)governado pelo mesmo partido, o MPLA, desde 1975, também membro da Internacional Socialista
Não está mal. Angola é uma ditadura? Formalmente não, de facto sim. Mas o que é que isso importa à CPLP, à UA, à ONU, se tem petróleo, que é um bem muito – mas muito - superior aos direitos humanos, à democracia, à liberdade, à cidadania, à justiça social?
Reconheça-se, contudo, que a hipocrisia não é uma característica específica de Portugal, se bem que nas ocidentais praias lusitanas tenha alguns dos seus mais latos expotentes. O Brasil afina pelo mesmo diapasão e os restantes membros da CPLP nem voto têm na matéria.
A hipocrisia internacional é de tal ordem que a própria UNESCO, por exemplo, projectou atribuir um prémio patrocinado pelo Presidente da Guiné-Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, mais um dos grandes ditadores da actualidade.
Vê-se, por aqui, que a própria agência das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura chegou a equacionar dar cobertura a um dos mais infames ditadores mundiais, apesar de só estar no poder há... 31 anos. Mas tem petróleo e preside à União Africana. É obra!
E como Angola tem petróleo (grande parte roubado na sua colónia de Cabinda), ninguém se atreve a perguntar a José Sócrates e a Cavaco Silva se acham que Angola respeita os direitos humanos ou se é possível que a presidência da CPLP seja ocupada por um país cujo presidente está no poder há 31 anos, sem ter sido eleito.
Mas, se a Tunísia, tal como a Argélia, o Egipto, a Líbia, a Venezuela ou a China, podem ser os grandes parceiros do socialismo lusitano, mesmo que os seus líderes sejam hoje bestiais e amanhã umas bestas, porque carga de chuva não se poderá dar o mesmo estatuto a Angola?
Provavelmente, José Eduardo dos Santos vê no que dizem de Ben Ali e de Hosni Mubarak o que dele dirão um dia destes os seus actuais amigalhaços. Creio que essa constatação nem sequer preocupa o dono de Angola, não só porque não acredita que o povo seja capaz de o deitar abaixo, como sabe que se um dia tiver de fugir não será para Portugal, mau grado ser quase dono das ocidentais praias lusitanas.
Pois é. Além disso, relembra igualmente que o partido fundado por Mubarak, até agora no poder, está integrado na Internacional Socialista, acrescentando que é “interessante como muitos partidos ditos democráticos, mas com práticas bem autocratas e ditatoriais e no poder há muitos anos, alguns há mesmo mais de vinte anos, são aliados ou associados da Internacional Socialista…”
Não sei se o Eugénio se referia a Angola. Mas, aproveitando essa possibilidade, recordo que Angola é o único Estado da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, à qual aliás preside, que têm há 31 anos o mesmo presidente e que nunca foi eleito. Isto para além de ser (des)governado pelo mesmo partido, o MPLA, desde 1975, também membro da Internacional Socialista
Não está mal. Angola é uma ditadura? Formalmente não, de facto sim. Mas o que é que isso importa à CPLP, à UA, à ONU, se tem petróleo, que é um bem muito – mas muito - superior aos direitos humanos, à democracia, à liberdade, à cidadania, à justiça social?
Reconheça-se, contudo, que a hipocrisia não é uma característica específica de Portugal, se bem que nas ocidentais praias lusitanas tenha alguns dos seus mais latos expotentes. O Brasil afina pelo mesmo diapasão e os restantes membros da CPLP nem voto têm na matéria.
A hipocrisia internacional é de tal ordem que a própria UNESCO, por exemplo, projectou atribuir um prémio patrocinado pelo Presidente da Guiné-Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, mais um dos grandes ditadores da actualidade.
Vê-se, por aqui, que a própria agência das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura chegou a equacionar dar cobertura a um dos mais infames ditadores mundiais, apesar de só estar no poder há... 31 anos. Mas tem petróleo e preside à União Africana. É obra!
E como Angola tem petróleo (grande parte roubado na sua colónia de Cabinda), ninguém se atreve a perguntar a José Sócrates e a Cavaco Silva se acham que Angola respeita os direitos humanos ou se é possível que a presidência da CPLP seja ocupada por um país cujo presidente está no poder há 31 anos, sem ter sido eleito.
Mas, se a Tunísia, tal como a Argélia, o Egipto, a Líbia, a Venezuela ou a China, podem ser os grandes parceiros do socialismo lusitano, mesmo que os seus líderes sejam hoje bestiais e amanhã umas bestas, porque carga de chuva não se poderá dar o mesmo estatuto a Angola?
Provavelmente, José Eduardo dos Santos vê no que dizem de Ben Ali e de Hosni Mubarak o que dele dirão um dia destes os seus actuais amigalhaços. Creio que essa constatação nem sequer preocupa o dono de Angola, não só porque não acredita que o povo seja capaz de o deitar abaixo, como sabe que se um dia tiver de fugir não será para Portugal, mau grado ser quase dono das ocidentais praias lusitanas.
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