O regime angolano não está com meias medidas. E se em Angola alguém que acende um fósforo porque quer fumar fica sujeito a ser acusado de desordem, na sua colónia de Cabinda, quem acender um fósforo pelas mesmas razões é detido por querer provocar um incêndio.
As ruas de Cabinda têm nesta altuda ainda mais polícias de choque e militares do que é costume. Constou às autoridades coloniais que os jovens iriam para a rua festejar os resultados do referendo no Sudão, que deram “sim” à independência do sul do país.
Mas então o que é que é isso? Tanto os angolanos como os cabindas só podem festejar o que o regime permite, e isso resume-se a festejar o grande líder José Eduardo dos Santos e o grande partido que é o MPLA. Fora disso, tudo é crime contra a segurança do Estado.
Mesmo não sendo jovens, as principais figuras de Cabinda têm as suas casas vigiadas 24 hora por dia por um dispositivo policial e militar próprio de uma guerra. O MPLA não brinca em serviço e, por isso, mata primeiro e pergunta depois, e aplica a sua lei de que até prova em contrário todos são culpados.
Segundo João Mavungo, activista cívico, qualquer pessoa que na colónia de Cabinda ponha o pé fora de casa é logo sujeita a interrogatório e revista por parte dos agentes ao serviço da força colonial. Até as mulheres que querem ir à missa passam pela revista e demais acções intimidatórias das autoridades angolanas, não vão transportar um cinto de explosivos ou até, quem sabe, algumas Ak-47...
Registe-se, entretanto, que 11 agentes da Polícia Nacional de Angola, armados de pistolas e revólveres invadiram a residência de Próspero Mambuco Sumbo, sita no bairro Comandante Gika, na cidade de Cabinda, no passado dia 10 de Fevereiro.
Eram cerca de 21 horas, quando os agentes da polícia bateram à porta da casa, sem mandado de captura ou de busca (nem outra coisa era de esperar da força colonial do MPLA), dominaram a esposa, Albertina Vango, e a filha do activista, forçando-as a permanecerem na sala enquanto uns se dirigiam para o quarto do casal, outros para a cozinha, sem no entanto revelarem o objectivo da busca.
Depois da busca, interrogaram Albertina Vango sobre o paradeiro do marido. O interrogatório resultou em maus tratos, dois agentes da polícia esbofatearam a mulher do activista, ameaçaram-na com as pistolas e apertaram-lhe o pescoço amarrado com um trapo. Mãe e filha estiveram assim duas horas a ser torturadas pelos lacaios de José Eduardo dos Santos.
Os agentes da polícia só abandonaram a casa depois de Albertina Vango ter dito que o marido tinha saído da casa às 12 horas, em companhia de Alexandre Cuanga, seu amigo. Os esbirros levaram consigo a mensagem do Bloco Democrático endereçada ao activista Próspero Mambuco Sumbo aquando da sua absolvição no dia 22 de Dezembro último.
Recorde-se ainda que Alexandre Cuanga e Próspero Mambuco Sumbo já foram detidos (10 de Novembro 2010) e condenados pelo Tribunal Provincial de Cabinda, no dia 16 de Novembro de 2010, o primeiro a um ano de prisão, e o segundo a seis meses, por se envolverem em "Campanha por uma solução Justa da Questão de Cabinda".
Depois de 42 dias sob detenção na Unidade Penitenciária do Yabi (UPY), foram absolvidos em companhia de Raúl Tati, Francisco Luemba, Belchior Lanzo Tati, Andre Zeferino Puati e José Benjamim Fuca.
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