Diz a UNITA que nos últimos meses foram assassinados, na província do Huambo, nove cidadãos por motivos políticos com a conivência das autoridades públicas angolanas. A democracia do regime do MPLA tem destas características. Nada de novo, portanto.
Faustino Muteka, governador do Huambo, diz – curiosamente citando o presidente da República de Portugal, Cavaco Silva - , que as crianças de Angola devem completar o legado do MPLA “De Cabinda ao Cunene um só Povo uma só Nação”, de modo a consolidar a unidade e a paz.
Nove anos depois de a UNITA ter decido entregar o ouro ao “bandido”, a troco de uns pratos de lagosta para uns tantos e de fuba para a maioria, o MPLA ainda fala da manutenção da paz.
As mulheres do MPLA, os pioneiros do MPLA, os veteranos do MPLA, os chefes militares do MPLA, os políticos do MPLA, os governadores do MPLA... todos falam insistentemente na manutenção da paz.
Das duas uma: Ou temem que existam ainda alguns canhangulos operacionais e capazes de fazer estragos, ou preparam-se para pela força (como faz em Cabinda) criar manobras de diversão para justificar uma qualquer purga, até mesmo – como aconteceu a 27 de Maio de 1977 – dentro do próprio MPLA onde, apesar do medo, começam a aparecer algumas importantes vozes a discordar do dono do país.
E se os acontecimentos de 27 de Maio de 1977, que provocaram milhares de mortos, foram o resultado de uma provocação, longa e pacientemente planeada, tendo como responsável máximo Agostinho Neto, que temia perder o poder, será que Eduardo dos Santos está, ou teme vir a estar, na mesma posição?
Será que, como há 34 anos, Angola tem algum Nito Alves, ministro ou não, político ou não, chefe militar ou não, disposto a protestar contra o rumo despótico do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA)?
E se tem, voltaremos a ter, tal como em 12 de Julho de 1977, uma declaração oficial do Bureau Político do MPLA a falar de uma "tentativa de golpe de Estado" por parte de "fraccionistas" do movimento, cujos principais "cérebros" serão, já não Nito Alves e José Van-Dunem, mas uns novos Mialas?
Regressemos, contudo, ao pequeno reino de Faustino Muteka que, há uns anos, atropelou um cidadão e foi apertado na Polícia por dizer que a vítima foi imprudente, mas sobretudo pelo hálito...
A saída do anterior governador, Albino Malungo, natural do Huambo, terá sido originada – recorde-se – pelo mal-estar entre o governador e o responsável máximo do MPLA na província do Huambo, que agora ocupa os dois lugares políticos mais importantes no contexto local.
Faustino Muteka desempenhou desde 2004 as funções de secretário do Departamento de Organização e Mobilização do Comité Central e Bureau Político do MPLA.
Faustino Muteka, também ex-ministro da Administração do Território, esteve também na ribalta quando, em 2005, foi denunciada a existência de torturas numa fazenda, na Huíla, de que era proprietário.
E é assim. Ou se é do MPLA ou se é culpado até prova em contrário. Essa peregrina ideia que a UNITA tem de que que Angola é uma democracia, um estado de direito e uma sociedade livre só pode resultar nisto. Aliás, todos sabem que os simpatizantes da UNITA são uma sub-espécie de angolanos e que, por isso, nunca poderão ter os mesmos direitos dos cidadãos de primeira.
Quando muito, os kwachas (com excepção dos seus líderes) terão direito a mandioca e cachipembe ou, em alternativa, a peixe podre, fuba podre e porrada se refilares.
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