A falta de médicos de clínica geral em Portugal está a preocupar os autarcas de Abrantes e de Sardoal, que consideram a situação "dramática" e afirmam que, em termos de acesso a cuidados médicos de saúde primários, "pior não é possível".
Se calhar, com algumas adaptações, seria possível adoptar a estratégia da comunicação social portuguesa que, num dos seus habituais rasgos de originalidade, criou uma nova “classe profissional”, a do “cidadão repórter”.
Porque é fácil, barato e até dá milhões, os media decidiram assim pôr nas mãos dos cidadãos anónimos a responsabilidade de divulgaram o que deveria ser feito por jornalistas. Compreende-se. Há poucos jornalistas no país, o orçamento das empresas de produção de informação de linha branca é cada vez menor e, por isso, a alternativa é passar a responsabilidade para o cidadão.
Na saúde, se calhar era possível adoptar essa nova estratégia, criando a classe do “cidadão médico”. Não é bem a mesma coisa mas, com a originalidade peculiar aos portugueses, seria com certeza possível apelar à ajuda de quem – como nos media – sabe diferenciar um estetoscópio de um bisturi.
No concelho de Abrantes, com 19 freguesias e perto de 42 mil habitantes, dos 30 médicos de família previstos apenas 11 estão ao serviço. No vizinho concelho de Sardoal, com quatro freguesias e onde habitam cerca de 4.000 pessoas, a população está sem um único dos três médicos de clínica geral que ali deveriam prestar cuidados de saúde.
Estão a ver? A maioria dos portugueses (sobretudo os de segunda) estão calejados de tanto penarem nas idas aos médicos “da caixa” que, certamente, poderiam muito bem ajudar outros doentes que padeçam de males similares.
No caso presente, sem acesso directo a cuidados de saúde primários e com uma população envelhecida, à comunidade de Sardoal resta a alternativa de recorrer ao Centro de Saúde de Abrantes, a cerca de 20 quilómetros, e também ele com problemas na prestação de serviços médicos à sua população.
Se calhar muitos deles até só necessitam de umas pastilhas para as dores, coisa que o “cidadão médico”, que já passou pelo mesmo, poderia receitar, poupando assim muitas dores de cabeça aos responsáveis políticos da saúde que, afinal, têm preocupações mais importantes.
Além disso, ajudariam a diminuir os encargos sociais com esses portugueses (se morressem menos despesa davam), dando um sério contributo para que o défice do sector fosse diminuindo progressivamente.
Desde que vi a Coordenadora do Centro de Saúde de Rebordosa (Paredes) recusar autorização para que fosse concedido transporte pelos Bombeiros para as sessões de fisioterapia, recomendadas pelo médico assistente, a uma velhota de 85 anos que se deslocava agarrada a duas “canadianas”, fiquei convicto de que qualquer um pode ser “cidadão médico”.
Basta ver que a referida Coordenadora, provavelmente com formação telepática, já que não tinha conhecimento empírico e directo do estado da doente, conseguiu discernir razões clínicas que terão escapado ao médico assistente.
Porque é fácil, barato e até dá milhões, os media decidiram assim pôr nas mãos dos cidadãos anónimos a responsabilidade de divulgaram o que deveria ser feito por jornalistas. Compreende-se. Há poucos jornalistas no país, o orçamento das empresas de produção de informação de linha branca é cada vez menor e, por isso, a alternativa é passar a responsabilidade para o cidadão.
Na saúde, se calhar era possível adoptar essa nova estratégia, criando a classe do “cidadão médico”. Não é bem a mesma coisa mas, com a originalidade peculiar aos portugueses, seria com certeza possível apelar à ajuda de quem – como nos media – sabe diferenciar um estetoscópio de um bisturi.
No concelho de Abrantes, com 19 freguesias e perto de 42 mil habitantes, dos 30 médicos de família previstos apenas 11 estão ao serviço. No vizinho concelho de Sardoal, com quatro freguesias e onde habitam cerca de 4.000 pessoas, a população está sem um único dos três médicos de clínica geral que ali deveriam prestar cuidados de saúde.
Estão a ver? A maioria dos portugueses (sobretudo os de segunda) estão calejados de tanto penarem nas idas aos médicos “da caixa” que, certamente, poderiam muito bem ajudar outros doentes que padeçam de males similares.
No caso presente, sem acesso directo a cuidados de saúde primários e com uma população envelhecida, à comunidade de Sardoal resta a alternativa de recorrer ao Centro de Saúde de Abrantes, a cerca de 20 quilómetros, e também ele com problemas na prestação de serviços médicos à sua população.
Se calhar muitos deles até só necessitam de umas pastilhas para as dores, coisa que o “cidadão médico”, que já passou pelo mesmo, poderia receitar, poupando assim muitas dores de cabeça aos responsáveis políticos da saúde que, afinal, têm preocupações mais importantes.
Além disso, ajudariam a diminuir os encargos sociais com esses portugueses (se morressem menos despesa davam), dando um sério contributo para que o défice do sector fosse diminuindo progressivamente.
Desde que vi a Coordenadora do Centro de Saúde de Rebordosa (Paredes) recusar autorização para que fosse concedido transporte pelos Bombeiros para as sessões de fisioterapia, recomendadas pelo médico assistente, a uma velhota de 85 anos que se deslocava agarrada a duas “canadianas”, fiquei convicto de que qualquer um pode ser “cidadão médico”.
Basta ver que a referida Coordenadora, provavelmente com formação telepática, já que não tinha conhecimento empírico e directo do estado da doente, conseguiu discernir razões clínicas que terão escapado ao médico assistente.
Este é, por exemplo, um daqueles casos em que o médico não está lá a fazer nada e que, por isso, poderia ser substituído por um "cidadão médico". Não concordam?
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