No que ao Alta Hama respeita, a força da razão estará sempre acima da razão da força. Mesmo quando se multiplicam avisos e ameaças para que deixe de falar, de escrever, entre outros temas, de Cabinda.
Como o meu compromisso sagrado é apenas com o que penso ser a verdade, a luta continua. Talvez de derrota em derrota até à vitória final.
Recordo, sempre que as ameaças chegam (e chegam com grande assiduidade), Frei João Domingos quando este afirmou que os políticos e govrenantes angolanos só estão preocupados com os seus interesses, das suas famílias e dos seus mais próximos.
"Não nos podemos calar mesmo que nos custe a vida", disse Frei João Domingos, acrescentando "que muitos governantes que têm grandes carros, numerosas amantes, muita riqueza roubada ao povo, são aparentemente reluzentes mas estão podres por dentro".
Por tudo isso, Frei João Domingos chamou a atenção dos angolanos para não se calarem, para "que continuem a falar e a denunciar as injustiças, para que este país seja diferente".
Tendo em conta a crise de valores em que o país se encontra, Frei João Domingos recomendou aos angolanos sem excepção para que pratiquem os valores que Jesus Cristo recomenda: solidariedade, justiça, amor, honestidade, dedicação ao outro, seriedade, paz, a vida, etc.
“O Povo sofre e passa fome. Os países valem pelas pessoas e não pelos diamantes, petróleo e outras riquezas”, disse também Frei João Domingos, numa pregação certamente só ouvida pelos peixes ou pelas welwitschia mirabilis.
Cabinda continua a ser palco de violações dos direitos humanos pelas forças de segurança angolanas, nomeadamente contra todos aqueles que se atrevem a pensar de forma diferente do que está estabelecido pelo regime.
São muitos os relatos de violência, intimidação, assédio e detenções por agentes do Estado de indivíduos alegadamente envolvidos em crimes contra a segurança do Estado, ou seja, que pensam de forma diferente.
Em Cabinda as violações de direitos humanos pelas forças de segurança continuam. As autoridades angolanas sufocam as expressões de divergência por parte da sociedade civil.
Já em 2001 o saudoso e então bispo de Cabinda, D. Paulino Fernandes Madeca, disse numa entrevista ao jornal português Público (um dos poucos que ainda é feito por Jornalistas) que a maioria dos cidadãos residentes em Cabinda era a favor da independência. "Na cidade menos, mas no interior é mais radical o desejo independentista”, afirmou o bispo.
Aliás, quando em Julho de 2008 o então ministro angolano das Obras Públicas, Higino Carneiro, esteve em Cabinda num comício do MPLA (partido que está no poder em Angola desde 1975) ouviu dos jovens gritos de "Independência!".
Por tudo isto, o Alto Hama continua de pé perante os donos do poder em Angola, aceitando eventualmente ficar de joelhos apenas perante Deus. É claro que, segundo o regime angolano, José Eduardo dos Santos é um “deus”, mas perante esse e os seus capangas estarei sempre de pé, por muitas e graves que sejam as ameaças.
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