quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Acabem com a CPLP a bem da Lusofonia

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) inaugura na segunda-feira a sua nova sede em Lisboa, um espaço maior e com mais funcionalidades, que os seus dirigentes acreditam permitirá abrir a organização à sociedade.

Segundo Vasco Graça Moura, novo presidente do Conselho de Administração da Fundação Centro Cultural de Belém, “a CPLP é uma espécie de fantasma que não serve para rigorosamente nada, que só serve para empatar e ocupar gente desocupada”

O novo espaço, que ocupa o Palácio Conde Penafiel, na zona do Largo do Caldas, na baixa de Lisboa, inclui auditório, biblioteca e centro de documentação, além de salas de reuniões, gabinetes de trabalho e um salão nobre, onde serão recebidas entidades oficiais.

"Fica facilitada a nossa intenção de promover um contacto mais directo com a comunidade", disse à agência Lusa o secretário-executivo da organização, Domingos Simões Pereira, adiantando que a ideia é atrair a comunidade académica e promover encontros com as várias comunidades lusófonas que vivem em Portugal.

"Este conjunto de movimentos deverá permitir que a CPLP seja mais conhecida e esteja mais presente no dia a dia dos cidadãos", considerou, lembrando que as anteriores instalações, na Lapa, não ofereciam condições para estas iniciativas.

Ao longo dos primeiros 15 anos de existência, a CPLP, criada a 17 de Julho de 1996, pretendeu (embora sem êxito) afirmar-se como organização de concertação politico-diplomática e de cooperação, sendo frequentemente criticada por não conseguir chegar às sociedades dos oito países.

"Gostávamos de ter ido bastante mais rápido, mas (...) era preciso estruturar a organização, era preciso que fosse reconhecida nos espaços oficiais para que hoje possamos sentir que temos oportunidade de nos aproximarmos da comunidade", disse.

Na segunda-feira, decorre a cerimónia inaugural da nova sede, que será presidida pelo Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, e contará com a presença do vice-presidente de Angola, Fernando Piedade dos Santos, em representação da presidência angolana da organização.

Participam também na sessão o primeiro-ministro português, Pedro Passo Coelho, e os ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, que na tarde de segunda-feira realizam um Conselho de Ministros extraordinário.

O programa termina na terça-feira com um colóquio em que antigos chefes de Estado e de Governo, como o português Mário Soares ou moçambicano Joaquim Chissano, analisam os 15 anos da CPLP.

E sendo a CPLP uma Comunidade dos Países de diversas Línguas,  entre as quais a Portuguesa, não admira que enquanto Timor-Leste quer abandonar o português, outros queiram entrar, mesmo que o que pensem da nossa Pátria comum (a língua) seja igual a zero. São disso exemplos, Austrália, Indonésia, Luxemburgo, Suazilândia e Ucrânia.

Domingos Simões Pereira, secretário executivo da organização supostamente lusófona, precisa que a Suazilândia e a Ucrânia já formalizaram o pedido de adesão como membros associados, enquanto dos restantes três países, o Luxemburgo solicitou um “convite especial”.

Nada como a CPLP estar preocupada, por exemplo, em ajudar os cidadãos ucranianos e esquecer – como tem feito até agora – os guineenses. É, aliás, simpático dar sapatos aos filhos do vizinho enquanto os nossos andam descalços...

“Mas quando nós começamos a receber esta atenção e este nível de interesse por parte de países que ‘à priori’ não pareceria terem afinidades, interesses tão óbvios, isso deve alertar-nos para aquilo que a CPLP pode significar, para aquilo que pode representar”, acrescentou Domingos Simões Pereira.

E pelo que a CPLP parece representar, seria mais aconselhável mudar o nome para Comunidade dos Países de Língua Petrolífera. Esquecia-se a língua portuguesa, que é coisa de somenos importância, e apostava-se forte naquilo que faz mover os areópagos da política internacional: o petróleo.

Aliás, mesmo sem perguntar a Xanana Gusmão, todos sabem que a Indonésia é um daqueles países a quem a lusofonia tudo deve, mormente Timor-Leste.

Por alguma razão Jacarta proibiu, enquanto foi dona de Timor-Leste, aquilo que agora é desejo de Xanana Gusmão, ou seja, o uso da língua portuguesa.

E quando este responsável da CPLP diz que o Acordo Ortográfico é uma prioridade e se sabe que a Guiné-Bissau regista a terceira taxa mais elevada de mortalidade infantil no mundo, fica a ideia de que afinal a CPLP se está nas tintas para os guineenses.

Sempre que alguém tem coragem de falar verdade (nunca é o caso de Portugal ou da CPLP), fica a saber-se que para além de envergonharem as autoridades guineenses – mostram a hipocrisia que reina nos areópagos das principais capitais da CPLP, a começar por Lisboa.

Será que com o Acordo Ortográfico a esperança de vida à nascença dos guineense, que agora é de "apenas" de 45 anos, vai passar para os 45,5?

Será que com o Acordo Ortográfico a CPLP deixará de aceitar calma e serenamente, como até agora, que apesar da miséria, os líderes guineenses continuem a saborear várias refeições por dia, esquecendo que na mesma rua há gente a morrer à fome?

Será que com o Acordo Ortográfico, Portugal, tal como outros, continuará a mandar toneladas de peixe para a Guiné-Bisau, esquecendo que o que os guineenses precisam é tão só de quem os ensine a pescar?

Será que com o Acordo Ortográfico, a CPLP vai continuar a mandar montes de antibióticos para a Guiné-Bissau, esquecendo, sobretudo porque tem a barriga cheia, que esses medicamentos só devem ser tomados depois de uma coisa essencial que os guineenses não têm: refeições?

E assim, a CPLP tem na presidência um país cujo presidente (o único da Lusofonia) não só não foi eleito como é, dentro das boas tradições ditatoriais, o que há mais tempo está no poder. Qualquer coisa como 32 anos.

O governo português diz que Angola desenvolveu nos últimos anos um grande esforço para "acentuar a coesão" entre os membros do bloco lusófono nas áreas da democracia, direitos humanos e reforço do estado de direito.

Democracia? Direitos humanos? Estado de direito? Será Lisboa sabe mesmo quais são os estados que fazem parte da Comunidade de Países (também) de Língua Portuguesa?

Ou, sabendo-o, considera que Angola, a Guiné-Bissau e até mesmo Moçambique (embora este noutra escala) são exemplos de democracia, quando 70% dos angolanos vive na miséria e votam com a barriga, de direitos humanos quando em Cabinda há presos – se é que alguns ainda não morreram - por delito de opinião, de um estado de direito quando o presidente angolano não foi eleito?

A Human Rights Watch revela que Angola enfrenta problemas de desrespeito pelos direitos humanos, incluindo a falta de liberdade de expressão, a tortura e a violência.

Onde estava a CPLP? Onde estava o Governo das ocidentais praias lusitanas?

É claro que Portugal não leu o relatório. Temeu, creio eu, que em matéria da liberdade de expressão a Human Rights Watch poderia também falar dos muitos jornalista que no reino lusitano foram, são e serão substituídos por operários formatados para terem apenas a liberdade de expressarem o que o chefe manda.

1 comentário:

Anónimo disse...

Devagar nunca se vai longe



“Devagar nunca se vai longe”,
cantava o Chico Buarque de Holanda
inconformado com a situação.
Mas nos trajectos de Luanda,
devido à enorme corrupção,
existem enormes buracos nas estradas e desvios,
que aconselham uma condução cuidada.
Quem pretender carregar no acelerador
pode partir a transmissão ou o motor
do limousine da situação
ou ter a viagem interrompida
por quem está num lugar bastante seguro
a manter o trânsito caótico,
para assegurar o seu próprio futuro,
afirmando defender o interesse patriótico.
É necessária uma Presidente da Comissão Eleitoral
que garanta um passo lento, o actual,
não vão as altas velocidades
demonstrar muitas inverdades
e complicar a vida de gente instalada,
muito bem nutrida e anafada,
que realmente presta para nada.
É a Presidente da Comissão Eleitoral
quem decide o vencedor do carnaval,
obedecendo aos organizadores do trânsito caótico
que afirmam estar a defender o interesse patriótico.

António Kaquarta