As críticas que aqui tenho feito ao representante da UNITA em Portugal, Isaac Wambembe, inserem-se exclusivamente no campo político, no campo das ideias, e não em qualquer juízo de valor de carácter pessoal. Creio, contudo, que nem todos assim o interpretaram pelo que se impõe este esclarecimento.
Sei, e nada o fará esquecer, que Isaac Wambembe sofreu forte e feio por combater pela liberdade e pela democracia na nossa terra, Angola, razão pela qual foi vítima das sanções impostas, em 2001, pela ONU, pela União Europeia e por Portugal.
Também eu, embora pareça que tal não foi visto assim, defendo que as divergências políticas não devem afectar as relações de amizade que, por sinal, nutro por Isaac Wambembe e que ele também nutre por mim.
Tal como Isaac Wambembe, também eu assumo que cometo erros e que, por vezes, no calor das discussões se dizem coisas menos consentâneas com uma luta comum. Luta pela tal liberdade e democracia em que – reconheço sem qualquer problema – Angola deve muito mais a Wambembe do que a mim.
Creio, contudo, que os angolanos são mesmo assim. Lutam de peito aberto por aquilo em que acreditam e às vezes ferem-se uns aos outros.
E, concordando ou discordando com o desempenho político de Isaac Wambembe, ninguém pode negar o seu contributo (tantas vezes com imenso sofrimento) para engrandecer o nosso país.
Conheci o Isaac Wambembe há muitos, muitos anos, num almoço no Porto com António Vilar. Nem sempre os nossos caminhos objectivos se cruzaram, mas os subjectivos estiveram quase sempre coincidentes, sobretudo por duas causas que ambos consideramos nobres: Angola e a UNITA.
Penso, por fim, que Isaac Wambembe continuará a luta que sempre travou, independentemente das minhas críticas políticas, e mantém a postura ensinada pelo Mais Velho de que mais vale ser salvo pela crítica do que assassinado pelo elogio.
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