Embora sejam mais as coisas que me separam do Bloco de Esquerda do que as que me aproximam, no que respeita à visita, amanhã, do presidente de Angola e do MPLA, partido que desgoverna o país desde 1975, subscrevo as críticas do BE.
Para o deputado do Bloco de Esquerda Fernando Rosas, José Eduardo dos Santos "não é bem-vindo a Portugal", a acusa-o de comandar "um regime oligárquico, assente na corrupção e com chocantes desigualdades sociais".
Apesar das recentes eleições legislativas, o historiador bloquista considera que, "infelizmente, a democracia em Angola está por realizar".
"O Estado Português deve ter relações com Angola, mas não pode desconhecer o que se passa neste país, nem muito menos aproveitar-se dele, assumindo uma exclusivamente pragmática com ausência de valores", declarou ainda Fernando Rosas.
Reconheço, contudo, que a visita do presidente angolano e líder do partido, o MPLA, que governa Angola desde a independência, em 1975, não poderia surgir em melhor altura.
Basta a Cavaco Silva, como mais alto representante das ocidentais praias lusitanas, estender a mão que o seu homólogo angolano corresponderá com todo o altruísmo que lhe é peculiar.
Sobretudo do ponto de vista económico, Angola está motivada e com capacidade para comprar tudo e mais alguma coisa. E Portugal está à venda.
Não faltam exemplos (banca, quintas, comunicação social, empresas) mas, é claro, os angolanos querem e podem comprar muito mais. E se Portugal precisa...
Aliás, dada a grande amizade entre o líder angolano e os dois mais altos dignitários portugueses (Cavaco Silva e José Sócrates), creio que seria exequível propor a José Eduardo dos Santos a compra do próprio país, por atacado.
A última vez que o Chefe de Estado angolano esteve em Portugal foi durante a Cimeira UE-África, que decorreu em 2007, no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia (UE).
E, entre outras coisas, Eduardo dos Santos certamente recorda-se da ementa da refeição que teve com José Sócrates: trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e uma selecção de queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas, com cinco vinhos diferentes, entre os quais um Château-Grillet 2005.
Eu sei que a maioria dos angolanos continua a passar fome, mas se José Eduardo dos Santos está mais preocupado em comprar, ou colonizar, Portugal do que em dar de comer ao povo, quem sou eu para contestar?
2 comentários:
Claro que tem que ser desta forma…
O jogo de interesses é gigantesco.
As empresas pagam aos funcionários em ajudas de deslocação e outros benefícios.
Para a segurança social Portuguesa, os descontos são mínimos e assentes em um ordenado pequeno que no futuro, tende até esse a acabar.
Em salvaguarda da família e assustados pela crise em Portugal os técnicos recorrem a Angola para ter trabalho.
Toda esta movimentação dá lucros a terceiros mas nunca aos que sacrificam famílias, que estão ausentes junto de familiares já idosos, de filhos na adolescência e da sua pátria.
Angola é um «faz de conta» que em troca de um vencimento mais chorudo mas camuflado, os deslocados seguram as pontas para sua subsistência.
Servem um país com um índice de corrupção que ultrapassa os limites.
O desequilíbrio emocional é enorme.
Vidas duplas e as consequências duras nas famílias.
Nunca um emigrado pode fazer de outro país que não seja o seu, algo que seja marcante e que o dignifique porque será esquecido pela comunidade.
Os laços entre Portugal e Angola, são marcados por uma hipocrisia forte.
O investimento em Portugal por parte dos Angolanos é a salvaguarda para alguns que perante uma reviravolta política como a que recentemente ocorreu na Guiné, possam em Portugal ter os seus rendimentos e uma vida tranquila.
È um paradoxo investir noutro país onde no seu a miséria e a doença é uma realidade pungente, onde tanto há por fazer e o povo vive sem o mínimo de dignidade.
São manobras que nos ultrapassam com um cheiro fétido a corrupção e vergonha.
M.
100% de acordo.
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