Este texto é uma singela homenagem aos sacrificados administradores e gestores que, apesar de levarem empresas à falência e trabalhadores para o desemprego, nem sequer têm direito a subsídio de desemprego acumulável com o ordenado noutras administrações.
Muitas pessoas bem intencionadas mas sobretudo ingénuas, perguntam como é, foi, ou será, possível acontecer o desastre que abalroa alguns jornais portugueses.
Se ainda estivesse a escrever profissionalmente sobre economia (coisa que fiz durante muitos anos) diria que a actual crise vivida nos principais mercados internacionais obriga a reflectir sobre os perigos da globalização económica.
Diria igualmente que, mesmo assim, não estão em causa os fundamentos macroeconómicos quer de Portugal, quer da Europa ou dos EUA, embora seja aconselhável moderação estratégica.
Tudo porque foi e é perigoso crer que as bolsas e o mercado em geral estariam sempre condenados a subir.
Expliquei alguma coisa sobre a minha interpretação quanto à crise que atinge alguns jornais? Claro que não. Há, de facto, uma forma mais incisiva de me explicar.
É o velho, mas sempre actual, exemplo da regata, seja ela no Douro ou no Tejo.
Os vencedores desta regata em que participam os jornais portugueses apostam numa equipa formada por um chefe e dez remadores. É uma boa aposta. Vencem distanciados.
Os outros, os que cortam a meta em segundo lugar (ou, como gosto de dizer, no primeiro dos últimos) alinham com uma equipa diversificada e escolhida a dedo:
Vários directores (escolhidos pela Administração), vários chefes (amigos dos directores), alguns editores (íntimos dos directores) e, é claro, com uns tantos seguranças (que também prestam serviços aos directores) que controlam a actividade do único remador, o único aliás que tem coluna vertebral.
Perante o desastre, é nomeada uma comissão de especialistas ao estilo da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) que conclui:
- Os administradores responsáveis pelos órgãos analisados devem ser nomeados, como prémio de gestão, para outras empresas onde possam continuar a desempenhar cabalmente a profissão da qual já deram provas. Se possível em empresas do Estado.
- É preciso despedir o remador, com justa causa e sem direito a subsídio de desemprego.
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