Angola não confirma, nem desmente, o seu envolvimento na crise da Guiné-Bissau. Limita-se a dar uma no cravo e outra na ferradura, assumindo sem assumir o seu protagonismo de potência regional.
O vice-ministro das Relações Exteriores de Angola, George Chicoty, foi imediatamente a Bissau (pouco se importando que a CPLP, da qual faz parte, também lá estivesse) garantir a ajuda e tudo o mais que seja necessário à Guiné-Bissau.
Chicoty não escondeu, correctamente, que Angola quer ajudar nos domínios da segurança e, note-se, nas investigações aos assassinatos do presidente "Nino" Vieira e do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waie.
"Angola fará tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar a Guiné-Bissau no âmbito da segurança, bem como para levar a cabo inquéritos com vista a elucidar os eventos trágicos de 1 e 2 de Março que nos preocupam muito", afirmou Chicoty após um encontro com o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.
Chicoty não esclareceu (também ninguém lhe perguntou, é certo) se falava de segurança enquanto factor de estabilidade interna ou, eventualmente, sobre a mais do que provável possibilidade de o Senegal e ou a Guiné-Conacri estarem atentos (muito atentos) ao que se passa na Guiné-Bissau.
"Angola e a Guiné-Bissau são países que partilham a mesma história marcada pelas lutas de libertação nacional. Nestes momentos de duras provas, é normal que Angola que está inteiramente disposta a continuar as suas relações de amizade e de cooperação com Bissau esteja aqui para se inteirar da situação prevalecente", acrescentou o vice-ministro angolano das Relações Exteriores.
Embora tratando-se de um discurso politicamente correcto, com a necessária colagem às lutas de libertação, estranho que faça referência à disposição de continuar as relações. Será que, depois dos assassinatos, alguém aventou a possibilidade de descontinuar as relações?
Terá Luanda receio que as investigações ao que sucedeu possam de alguma forma ligar Angola aos dois assassinatos, como se diz à boca pequena entre representantes tanto de países europeus como até africanos?
O Governo angolano condenou o assassinato do presidente “Nino” Vieira e exigiu a abertura urgente dum "inquérito rigoroso" para identificar os responsáveis do crime.
Exigiu? Sendo, pelo menos oficialmente, a Guiné-Bissau um país soberano, não será um abuso outro país exigir o que quer que seja?
Além disse, Angola também se oferece para participar nas investigações. Hum! Aqui há (como se acabará por saber) algo que não bate certo.
Além disse, Angola também se oferece para participar nas investigações. Hum! Aqui há (como se acabará por saber) algo que não bate certo.
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