quinta-feira, março 05, 2009

Angola quer ajudar a Guiné-Bissau
na segurança e nas... investigações

Angola não confirma, nem desmente, o seu envolvimento na crise da Guiné-Bissau. Limita-se a dar uma no cravo e outra na ferradura, assumindo sem assumir o seu protagonismo de potência regional.

O vice-ministro das Relações Exteriores de Angola, George Chicoty, foi imediatamente a Bissau (pouco se importando que a CPLP, da qual faz parte, também lá estivesse) garantir a ajuda e tudo o mais que seja necessário à Guiné-Bissau.

Chicoty não escondeu, correctamente, que Angola quer ajudar nos domínios da segurança e, note-se, nas investigações aos assassinatos do presidente "Nino" Vieira e do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waie.

"Angola fará tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar a Guiné-Bissau no âmbito da segurança, bem como para levar a cabo inquéritos com vista a elucidar os eventos trágicos de 1 e 2 de Março que nos preocupam muito", afirmou Chicoty após um encontro com o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.

Chicoty não esclareceu (também ninguém lhe perguntou, é certo) se falava de segurança enquanto factor de estabilidade interna ou, eventualmente, sobre a mais do que provável possibilidade de o Senegal e ou a Guiné-Conacri estarem atentos (muito atentos) ao que se passa na Guiné-Bissau.

"Angola e a Guiné-Bissau são países que partilham a mesma história marcada pelas lutas de libertação nacional. Nestes momentos de duras provas, é normal que Angola que está inteiramente disposta a continuar as suas relações de amizade e de cooperação com Bissau esteja aqui para se inteirar da situação prevalecente", acrescentou o vice-ministro angolano das Relações Exteriores.

Embora tratando-se de um discurso politicamente correcto, com a necessária colagem às lutas de libertação, estranho que faça referência à disposição de continuar as relações. Será que, depois dos assassinatos, alguém aventou a possibilidade de descontinuar as relações?

Terá Luanda receio que as investigações ao que sucedeu possam de alguma forma ligar Angola aos dois assassinatos, como se diz à boca pequena entre representantes tanto de países europeus como até africanos?

O Governo angolano condenou o assassinato do presidente “Nino” Vieira e exigiu a abertura urgente dum "inquérito rigoroso" para identificar os responsáveis do crime.

Exigiu? Sendo, pelo menos oficialmente, a Guiné-Bissau um país soberano, não será um abuso outro país exigir o que quer que seja?

Além disse, Angola também se oferece para participar nas investigações. Hum! Aqui há (como se acabará por saber) algo que não bate certo.

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