O Provedor de Justiça de Portugal denunciou hoje, na revista “Visão”, aquilo que diz ser o “apetite” do PS pelo cargo. O mandato de Nascimento Rodrigues terminou há oito meses mas entre o PS e o PSD ainda não há consenso quanto ao seu sucessor.
Como se vê, os tentáculos socialistas, ou pelo menos de uma significativa parte do PS, continuam a querer mais e mais. Já estão em quase todos os lados mas, mesmo assim, querem mais.
Nascimento Rodrigues, no cargo desde Junho de 2000, invocou Os Vampiros, de Zeca Afonso: “O PS já ocupa todos os altos cargos públicos, faz lembrar o Zeca Afonso: ‘eles comem tudo’”. Segundo o Provedor, “deveria caber ao segundo partido [o PSD] a escolha” para se conseguir um “quadro mais vasto de equilíbrio democrático de poderes”.
Equilíbrio é coisa que José Sócrates só aceita se for entre os portugueses de primeira, ou seja – na sua óptica – todos aqueles que são do PS. Tão simples quanto isso.
A “Visão” lembra que nos últimos meses têm sido propostos pelo PS nomes como Freitas do Amaral, António Arnault e Rui Alarcão. Mas estes foram rejeitados pelo PSD, que apresentou Laborinho Lúcio. Por sua vez, este nome foi descartado pelos socialistas.
Este “braço de ferro” assemelha-se, segundo Nascimento Rodrigues, a uma “comédia à portuguesa” e “desprestigia os decisores políticos, intranquiliza o funcionamento normal da Provedoria e deixa os cidadãos cada vez mais descrentes da qualidade da nossa democracia”.
Que a democracia portuguesa se assemelha cada vez mais à do Burkina Faso (sem ofensa para este país) já todos sabem.
Mas qual será a solução se os portugueses têm a noção clara de que para arranjar emprego, de que para manter o emprego, de que para subir na carreira o único critério válido é ser do PS?
O ainda Provedor de Justiça sente “desencanto com a visível degradação da qualidade da vida política” em Portugal e acomoda-se mal por se “ver obrigado a permanecer no exercício de um mandato cujo prazo legal está longamente excedido (...). Sou uma espécie de ‘Provedor Matusalém’”.
Mas qual será a solução se os portugueses têm a noção clara de que para arranjar emprego, de que para manter o emprego, de que para subir na carreira o único critério válido é ser do PS?
O ainda Provedor de Justiça sente “desencanto com a visível degradação da qualidade da vida política” em Portugal e acomoda-se mal por se “ver obrigado a permanecer no exercício de um mandato cujo prazo legal está longamente excedido (...). Sou uma espécie de ‘Provedor Matusalém’”.
Nascimento Rodrigues lembrou ainda que, em breve, o país vai entrar em “longos períodos de pré-campanhas eleitorais, o que objectivamente torna mais difícil uma solução de consenso”.
Creio, contudo, que o consenso é fácil de alcançar. Basta perceber o que Sócrates quer. E o que ele quer é que os portugueses de segunda (todos aqueles que não são do PS) passem a ser de primeira...
Sem comentários:
Enviar um comentário