O Presidente semi-eleito de Angola e totalmente eleito do MPLA considerou hoje que os resultados obtidos nos dois dias de visita de Estado a Portugal superaram as suas expectativas iniciais. Ainda bem.
Além disso, pediu (como se isso fosse necessário entre partidos e dirigentes irmãos) ao primeiro-ministro português para continuar a confiar no Governo angolano.
José Sócrates até poderia, embora não tenha sido o caso, sentir-se ofendido com tal pedido. É que se há alguém em quem o primeiro-ministro de Portugal confia cegamente (para além dele próprio) é no Governo do MPLA.
José Eduardo dos Santos falava em São Bento, após terem sido assinados entre os executivos de Lisboa e de Luanda acordos de cooperação económica, financeira e na área da educação.
Na sua declaração, que durou breves cinco minutos, sem direito a perguntas por parte dos jornalistas (não fossem estes, contrariamente à ética oficial, fazer perguntas incómodas), José Eduardo dos Santos procurou sublinhar a ideia de que tem boas relações pessoais com o primeiro-ministro português.
Claro que tem. Aliás, todos têm boas relações com todos, desde que se esteja no poder. Veja-se o caso da Guiné-Bissau. Enquanto “Nino” Vieira era vivo, todos o consideravam como o maior, como amigo, como estadista de elevado gabarito. Morreu. Nenhum dos seus anteriores bajuladores foi ao funeral.
“O senhor primeiro-ministro tem dado uma contribuição ímpar ao desenvolvimento da relações bilaterais. Quero felicitá-lo por isso e pedir-lhe que continue assim, trabalhando no sentido de aproximar cada vez mais os nossos países”, declarou o chefe de Estado angolano.
“O êxito desta visita tem a ver com o relacionamento entre os nossos dois países – um relacionamento fundado numa amizade sólida e numa cooperação que cresce a cada dia que passa. Os acordos que acabámos de assinar aqui [em São Bento] vão permitir ampliar a cooperação bilateral e são um sinal de confiança no Governo de Angola”, concluiu José Eduardo dos Santos.
Exactamente. Confiança em quem está no poder. Quanto aos que estão na Angola real, esses que esperem. Os governos não discutem os problemas dos milhões que têm pouco ou nada. Analisam, isso sim, a forma de os poucos que têm milhões... terem ainda mais.
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