O ex-Presidente da República Mário Soares criticou hoje o primeiro-ministro (que atrevimento!) por entrar em polémica com os manifestantes contra o Governo e aconselhou o PS a dialogar e ouvir a sociedade se quiser ter maioria absoluta nas eleições.
Dialogar e ouvir a sociedade? Quem? O primeiro-ministro e líder do PS, José Sócrates? Esperem deitados, que sentados vai tornar-se incómodo.
As declarações do fundador do PS foram proferidas momentos antes da sessão de lançamento do livro "Estados Novos, Estado Novo", da autoria do historiador e professor universitário de Coimbra Luís Reis Torgal.
Mário Soares considerou que a manifestação de sexta-feira passada, convocada pela CGTP, "impressionou pelo seu volume e pela indignação que foi demonstrada pelas pessoas, numa época de crise global, que vem de fora para dentro".
Neste quadro, o ex-chefe de Estado defendeu que o Governo socialista "faria bem em dialogar e ouvir, em vez de entrar em polémicas sobre uma manifestação".
"É certo que as manifestações não resolvem nada, que não é na rua que há soluções para os problemas, mas a manifestação de sexta-feira foi um sinal de grande descontentamento", advertiu.
Confrontado com a acusação do primeiro-ministro de que a manifestação de sexta-feira foi instrumentalizada pelo PCP e Bloco de Esquerda, Mário Soares demarcou-se e respondeu: "não vejo vantagem nenhuma que ele diga isso".
"José Sócrates lá terá as suas razões para dizer isso - e eu não estou aqui para o atacar, até o quero defender. Simplesmente, acho que essa não é a melhor maneira de resolver os problemas", considerou.
Para Mário Soares, "num momento em que vai tudo para pior e em que há muitas razões para indignação, o primeiro-ministro não deveria estar a polemizar a propósito das manifestações".
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