Um dia destes ouvi alguém dizer que quando o Conselho de Segurança das Nações Unidas impôs sanções contra a UNITA o fez porque os homens de Jonas Savimbi eram os maus da fita.
Ainda no uso da memória, recordo que em 2001 o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, justificou as sanções com os “ataques da UNITA que, nos últimos meses, mataram milhares de civis”. Curiosamente, poucos dias antes, Eduardo dos Santos afirmara que a UNITA só tinha forças residuais e que só um milagre a salvaria.
Nessa altura, como hoje, a ONU demonstrou que em vez de trabalhar para os milhões de angolanos que têm pouco (ou nada), prefere lamber as botas (tal como agora faz Portugal) aos poucos que têm milhões.
Durante a guerra, e segundo a rapaziada então comandada por Kofi Annan, a UNITA só matava civis e as forças armadas de Luanda só matavam militares. Pelos vistos o MPLA tinha armas que distinguiam os alvos: se fossem militares... acertavam, se não fossem... desviavam.
Nessa altura, numa reunião do Conselho de Segurança sobre Angola, o sub-secretário-geral das Nações Unidas, Ibrahim Gambari, sustentou que o movimento de Jonas Savimbi era o "primeiro responsável pela continuação do conflito" em Angola.
A este propósito e nessa altura escrevi que se não fosse a determinação de Jonas Savimbi (entre muitos outros, refira-se) e Angola seria, tal como era Luanda, um pantanal de políticos corruptos onde imperava a ditadura dos senhores todo poderosos do MPLA.
Morreu Savimbi e, como era previsível, o pantanal de políticos corruptos estendeu-se a todo o país e, ao que parece, não vai ficar por aí.
Ou seja, ontem como hoje e certamente amanhã, a ONU tem dois pesos e duas medidas. Luanda pode fazer o que muito bem entende e, por isso, praticar o terrorismo que melhor se enquadra nos seus objectivos. É o que, com certeza, as Nações Unidas consideram um terrorismo bom.
Já a UNITA, ontem como hoje e certamente amanhã, não pode reagir, não pode defender-se. Porquê? Porque teve o exclusivo do terrorismo mau e por muito que o tenha abandonado terá de transportar sempre essa carga.
Aliás, todos sabem que o MPLA sempre praticou terrorismo bom. O que se passou depois do dia 27 de Maio de 1977 (40 mil mortos) é prova disso.
Aliás, o terrorismo é qualificado em função do número de vítimas. Por ser responsável por três mil desaparecidos, Augusto Pinochet e o seu governo são uns monstros. Já por ter morto Nito Alves e apenas mais 39 999 compatriotas, o MPLA é um exemplo para a humanidade.
Exemplo onde pontificam, entre outros, Lúcio Lara, Iko Carreira, Costa Andrade (Ndunduma), Henriques Santos (Onanbwe), Luís dos Passos da Silva Cardoso, Ludy Kissassunda, Luís Neto (Xietu), Manuel Pacavira, Beto Van-Dunem, Beto Caputo, Carlos Jorge, Tito Peliganga, Eduardo Veloso, Tony Marta, José Eduardo dos Santos.
E, já agora, do lado dos terroristas maus, a UNITA, importa recordar os que morreram para dar voz aos que a não tinham. Entre outros, Jeremias Kalandula Chitunda, Adolosi Paulo Mango Alicerces, Elias Salupeto Pena, Eliseu Sapitango Chimbili, Jonas Savimbi, António Dembo e Arlindo Pena "Ben Ben".
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