Dalila Mateus, co-autora do livro "Purga em Angola”, que em Fevereiro de 2008 apresentou uma queixa-crime por difamação contra Eugénia Neto, viúva de Agostinho Neto, dirigiu hoje ao Procurador-Geral da República português um pedido de aceleração processual.
Em declarações à Lusa, a historiadora e escritora Dalila Mateus lamentou que, após um ano, o processo que apresentou no DIAP (Departamento de Investigação e Acção Penal) não tenha avançado e que as acusações que lhe foram feitas "continuem de pé".
"É uma demora muito grande e as acusações de 'desonesta e mentirosa' que a senhora dona Maria Eugénia Silva Neto me fez, numa entrevista à revista do jornal Expresso, continuam de pé", afirmou Dalila Mateus, adiantando que apenas pretende que "os tribunais se pronunciem e seja feita justiça".
Nesse sentido, o advogado da historiadora e escritora, Sérgio Brás, apresentou hoje mesmo ao Procurador-Geral da República, António Pinto Monteiro, um pedido de aceleração processual.
Para Dalila Mateus, quanto mais célere for o processo e o tribunal se pronunciar, mais rapidamente o caso fica resolvido e deixa de ser tema na "blogosfera", onde tem sido alvo de ameaças.
De resto, a historiadora Dalila Mateus reafirmou à Lusa "o seu direito constitucional ao bom-nome e reputação" e declarou que tem "confiança na Justiça portuguesa".
No livro "A Purga de Angola", Dalila Mateus e Álvaro Mateus afirmam que os acontecimentos de 27 de Maio de 1977, em Angola, que provocaram milhares de mortos, foram um "contra golpe", que teve como responsável máximo o Presidente Agostinho Neto, que temia perder o poder.
"O que está no livro está comprovado. Todas as informações estão sustentadas em fontes", referiu ainda Dalila Mateus, acrescentando que está prevista para Maio a saída de uma 3ª edição da obra, com acesso a novas fontes documentais.
Prevista se, entretanto, os donos de Angola não usarem o seu poder, nomeadamente em Portugal, para tentar calar quer a obra, quer a autora, quer todos aqueles que falem do assunto sem a devida "autorização" do MPLA.
É que, tanto quanto parece, falar, escrever, debater ou analisar os acontecimentos de 27 de Maio de 1977 é o maior crime de lesa pátria, segundo os donos do poder em Luanda.
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