O jornal venezuelano Últimas Notícias - o de maior tiragem no país - noticia hoje que os computadores portáteis “Magalhães”, que a Venezuela contratou comprar a Portugal, vão chamar-se “Canaima” no mercado local.
Isso não se faz. Já não basta a campanha negra conduzida em Portugal pelos jornalistas de segunda (todos os que não são do PS) contra José Sócrates e, no mesmo dia, aparece o amigo líbio, Muammar Kadhafi, a dizer que o Tribunal Penal Internacional representa “uma nova forma de terrorismo mundial” e a notícia da traição de Hugo Chávez.
“O aparelho terá uma alteração, não se chamará Magalhães, o seu nome será Canaima, igual ao Sistema Operacional que utilizará”, precisa a notícia.
O artigo, da autoria do jornalista Heberto E. Alvardo, lembra que “para o primeiro trimestre do ano (2009), segundo anunciou o presidente Hugo Chávez, deveriam ter sido colocado os primeiros 500 mil Classmate (um mini-notebook voltado para uso na educação) do projecto Magalhães promovido pelo governo português”.
Depois de questionar “que passou?” com o anúncio de Chávez, o jornal avança que “até ao momento o trabalho tem sido intenso e para as próximas semanas se esperam notícias importantes que poderão incluir o início de operações da fábrica luso-venezuelana”.
Por outro lado, sublinha que “o agora projecto Canaima incluiu a aquisição de um milhão de computadores, a maior aquisição feita no mundo deste projecto Intel”.
O Canaima é um sistema operacional venezuelano baseado na distribuição GNU/Linux Debian, adaptada pelo Centro Nacional de Tecnologias de Informação (CNTI) para atender às necessidades de usuários finais da Administração Pública Nacional (APN), dando cumprimento ao decreto presidencial Nº 3390 sobre o uso de tecnologias livres.
O nome evoca o parque nacional Canaima, situado no Estado Bolívar (a sudeste de Caracas), que em 1994 foi declarado Património da Humanidade pela UNESCO, por ser uma reserva natural com relevos abruptos essenciais e únicos em todo o mundo constituidos por “tepuys” (planaltos) com milhares de anos.
A 13 de Setembro de 2008, o presidente Hugo Chávez anunciou que a Venezuela tencionava comprar um milhão de computadores escolares Magalhães a Portugal, para distribuir nas escolas venezuelanas.
O anúncio foi feito durante num encontro, no palácio presidencial de Miraflores, com o ministro da Economia e Inovação português, Manuel Pinho, em que foram assinados vários acordos de cooperação bilateral entre Portugal e a Venezuela.
A 26 de Setembro, num comunicado o departamento de imprensa de Miraflores, o governo venezuelano precisava que Portugal enviaria, “nos primeiros meses de 2009” os primeiros 250 mil portáteis Magalhães, computador que foi descrito pelo presidente Hugo Chávez como “moderno” e “um verdadeiro computador que aguenta bombardeamentos”.
“A meta a médio prazo é instalar uma fábrica destes equipamentos no nosso país e que se distribuam quase um milhão deles às crianças da escola primária”, lia-se no comunicado governamental.
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