Não é que a justiça seja “de vão de escada” ou que os jornalistas estejam sempre a “malhar” no governo, mas quando se ouve o ministro português dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, fica-se logo (des)cansado.
Porquê? Nada mais simples. “Não há nenhum membro deste Governo ou de anteriores Governos que esteja indiciado ou sequer sob investigação a propósito do chamado caso Freeport”, afirmou hoje Santos Silva.
E eu, como milhões de portugueses de segunda (todos aqueles que não são do PS), que pensava que a separação de poderes nunca permitiria que um ministro tivesse tantas certezas...
Mas tem. E, portanto, “não há nenhum membro deste Governo ou de anteriores Governos que esteja indiciado ou sequer sob investigação a propósito do chamado caso Freeport”.
“Não há” e ponto final. Quem duvidar arrisca-se a ouvir o mesmo ministro dizer-lhe, como o fez em relação aos professores, que “não distingue entre Salazar e os democratas”.
E ainda há portugueses que dizem que no tempo de Salazar é que os ministros tinham tais garantias sobre os processos judiciais...
“Se o senhor arranjar uma gravação de um vídeo com outro a dizer que eu roubei num supermercado, não significa que eu tenha roubado num supermercado”, argumentou o ministro e dirigente nacional do PS.
Ora nem mais. É tudo uma campanha negra, cada vez mais negra, tão negra como um saco preto de carvão numa noite escura em África.
O ministro realçou que “o Ministério público tem dito sucessivamente, a quem o quer ouvir, que decorre um processo de investigação em torno do chamado caso Freeport e que nesse processo não está sob investigação nenhum membro do actual Governo nem de Governos passados”.
Pois. É mais ou menos como os vãos de escada. Ou seja, porque o Ministério Público afirmou algumas vezes que nenhum membro do Governo estava sob investigação, essas afirmações valem para sempre e fazem jurisprudência.
Nunca mais o Ministério Público poderá dizer algo diferente? Pelos vistos, não!
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