ERC, Entidade Reguladora para a Comunicação Social (Portugal) precisou de 253 pontos para justificar a exclusão das duas candidaturas ao quinto canal de televisão em sinal aberto.
À boa maneira burocrático-judicial do país, a ERC tentou blindar uma posição cuja justificação poderia ser feita em meia dúzia de palavras.
A Zon II - Serviços de Televisão, S.A. (sociedade a constituir), apresentou um projecto que de comunicação social nada tinha, a começar pelo facto de os jornalistas serem uma parcela residual.
Embora seja regra cada vez mais comum ver-se órgãos de suposta comunicação social que são feitos sem jornalistas, creio que neste caso a Zon nem sequer deveria ter sido admitida a concurso porque, de facto e de jure, o seu projecto era mais um hipermercado do que um órgão de comunicação social.
No caso da Telecinco, S.A., e como se calculava, a ERC percebeu que se tratava de um projecto jornalístico e que, como tal, poderia pôr em risco tanto o status quo estabelecido pelos operadores em exercício (RTP, SIC e TVI), como abrir uma irremediável lacuna na tal tese oficial de que o futuro passa por uma comunicação social feita à medida e por medida onde, é claro, não entram os jornalistas.
Logo que foi anunciado, o projecto jornalístico da Telecinco pôs em pânico muita gente. Por alguma razão – importa recordá-lo mesmo sabendo que essa coisa de Portugal ser um Estado de Direito tem muito que se lhe diga - Pinto Balsemão reagiu dizendo que o canal deveria ser concessionado à Zon, o mesmo acontecendo com o presidente da Omnicom Media Portugal, tendo este dito que a Telecinco provocaria um tsunami no sector.
E para justificar o alerta de um tsunami na comunicação social portuguesa foi que a ERC tomou a decisão que tomou. Satisfeitos ficaram com certeza os políticos da situação e os meios já existentes (RTP, SIC e TVI).
E se todos eles temiam que a Telecinco levasse a Carta a Garcia, nada como a ERC tomar a decisão que tomou. A bem da Nação, creio eu.
E se todos eles temiam que a Telecinco levasse a Carta a Garcia, nada como a ERC tomar a decisão que tomou. A bem da Nação, creio eu.
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