Portugal continua (e não adianta mudar de Governo ou de Oposição) a ser um país gerido por quem tem (ou, pelo menos, parece ter) dificuldades em contar até doze sem ter de se descalçar. Digamos que, afinal, por muito que se vire o disco... a música continua a ser a mesma. É pena porque, digo eu, os portugueses mereciam algo melhor. Um pouco melhor.
A desculpa de que a democracia ainda está em fase de crescimento já não pega. E não pega porque são os próprios políticos que não querem que ela cresça, são eles que apostam tudo o que têm (e sobretudo o que não têm) para que ela continue mal de modo a que, de uma forma geral, se pense que os portugueses são todos cegos e que, afinal, eles têm um olho.
E se o têm são, pensam, os reis desta república... das bananas.
E se o têm são, pensam, os reis desta república... das bananas.
Mesmo as novas gerações de políticos não escapam a este defeito de fabrico. Quase todos eles não sabem fazer mais nada do que, a mando de quem manda, dizer mal das ideias dos outros e avançar com a teoria de que é preciso pôr em prática a tese do olho por olho, dente por dente.
É isso que lhes pedem Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa, Paulo Portas, José Sócrates e Manuela Ferreira Leite. E nenhum deles se lembra que, a ir para a frente essa tese, acabaremos todos cegos e desdentados.
É isso que lhes pedem Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa, Paulo Portas, José Sócrates e Manuela Ferreira Leite. E nenhum deles se lembra que, a ir para a frente essa tese, acabaremos todos cegos e desdentados.
E então, depois de se descalçarem, entenderam que o principal problema de Portugal é existir. E é. Até porque já não tem o Jardel pronto para voar sobre os centrais.
A economia está bem, os impostos estão a baixar, as reformas a subir, a saúde está óptima, o ensino melhor ainda, o crédito à compra de casa continua em alta, a inflação está em baixa, assim como o défice do Estado. E se é assim, convenhamos que era preciso arranjar alguma coisa com que passar o tempo.
A economia está bem, os impostos estão a baixar, as reformas a subir, a saúde está óptima, o ensino melhor ainda, o crédito à compra de casa continua em alta, a inflação está em baixa, assim como o défice do Estado. E se é assim, convenhamos que era preciso arranjar alguma coisa com que passar o tempo.
E, com uma socialista originalidade, José Sócrates descobriu (honra lhe seja feita) a única coisa que, de facto, preocupa os portugueses: a campanha negra (calculo que não seja nenhuma infeliz alusão aos irmãos africanos).
Creio que este caso é, ou poderia ser, um paradigma da sociedade portuguesa, tal a forma como os Poderes Públicos (da Presidência da República ao Parlamento) trabalham para os poucos que têm milhões em vez de, como manda a Democracia, trabalharem para os milhões que têm pouco... que têm cada vez menos. Se é que ainda têm alguma coisa.
Creio que este caso é, ou poderia ser, um paradigma da sociedade portuguesa, tal a forma como os Poderes Públicos (da Presidência da República ao Parlamento) trabalham para os poucos que têm milhões em vez de, como manda a Democracia, trabalharem para os milhões que têm pouco... que têm cada vez menos. Se é que ainda têm alguma coisa.
A campanha negra, tal como os casos Freeport, Portucale, BPN, BCP, BPP, Casa Pia, vão como é óbvio, acabar em águas de bacalhau. Serão punidos alguns peixes (relativamente) miúdos mas, como sempre, os tubarões passarão incólumes e até talvez venham a ser condecorados por altos serviços prestados à Pátria.
O essencial vai passar à história, com ou sem uma ou outra demissão cirúrgica, com ou sem comissão de inquérito, com ou sem ajuste de contas, com ou sem zanga de comadres.
O essencial vai passar à história, com ou sem uma ou outra demissão cirúrgica, com ou sem comissão de inquérito, com ou sem ajuste de contas, com ou sem zanga de comadres.
Mas como moralidade é coisa que não existe, vão todos continuar a comer à grande e à francesa. Ou seja, à nossa custa. Sim, porque quem paga os milhões do Freeport, Portucale, BPN, BCP, BPP, Casa Pia, Moderna, Euro 2004, canina lealdade ao tio Sam etc. somos todos nós.
Nós, os tais milhões que têm pouco, ou nada. Até um dia.
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