Será um erro exigir que num jardim zoológico como cada vez mais é Portugal, cada macaco esteja no seu galho? Será um erro exigir que futebol seja futebol, que política seja política, que jornalismo seja jornalismo?
Se assim não for, e há muito que não é assim, continuaremos a ter uma perigosa promiscuidade entre estas e outras importantes variantes da vida nacional.
Aliás, é essa promiscuidade que faz com que o macaco acabe por «comer» a mãe...
De há muito que os portugueses se habituaram a ver os agentes da vida pública todos misturados numa orgia colectiva que, cada vez mais, mostra que a moralidade e a equidistância são valores pouco relevantes para um país que está acostumado a jogar no sistema de todos a monte e fé em Deus.
Para comprovar tudo isso nem é preciso apelar à memória (também ela um valor irrelevante na nossa sociedade), basta olhar todas as semanas para as bancadas VIP dos estádios de futebol. Políticos pigmeus e pigmeus políticos, jornalistas pigmeus e pigmeus jornalistas lá estão, a propósito de tudo e de nada, em bicos de pés para que todos os vejam.
E então quando isso acontece com um campeão... é a cereja no cimo do bolo da promiscuidade, da orgia.
Dir-se-ia que, mais uma vez, não basta ser sério. Também é preciso parecê-lo. Mas, infelizmente, alguns dos políticos, alguns dos dirigentes desportivos, alguns dos jornalistas deste Burkina Faso europeu nem são sérios nem parecem sê-lo.
E quando, o que é raro, aparece um qualquer político, um qualquer jornalistas, a dizer que a obra prima do Mestre não é a mesma coisa que a prima do mestre de obras, logo surgem os arautos da desgraça a dizer que o Carmo e a Trindade vão cair.
E para que não caiam sugerem que tudo fique na mesma, para que no calor das madrugadas putrefactas todos sejam prostitutas ou chulos.
Sem comentários:
Enviar um comentário