Nem por verem a casa do vizinho (mais uma) a arder têm o cuidado de pôr as barbas de molho. Muitos, ainda quero acreditar que não sejam a maioria, fecham-se no seu pequeno tacho, cultivam o silêncio e dizem amén ao que o “padre” lá do sítio vai debitando.
Solidariedade? Isso é que era bom. Quase sempre céleres a criticar o colega do lado (tantas vezes de forma anónima), estão agora enclausurados em justificações nanicas, virados para o espelho e na esperança de que o chefe não lhes pergunte o que pensam.
E, de facto, o melhor é não perguntar o que pensam. É que, cada vez mais, não pensam e só têm uma pequena ideia que apenas vai um pouco mais além quando sabem o que esse mesmo chefe pensa. Um fenómeno crescente de mimetismo.
É claro que, quando um dia destes o fogo tocar nas suas barbas, vão querer a solidariedade que não deram aos outros, vão querer reacções que não tiveram quando era necessário, vão querer que os ajudem a contar até 12 sem que tenham necessidade de tirar os sapatos.
Julgam muitos deles (ainda quero acreditar que não sejam a maioria) que a mentira, a deslealdade, o ódio pessoal, a ambição mesquina, a inveja e a incompetência são condições basilares para se ser jornalista. Num país acéfalo, bajulador e subserviente essas ideias têm dado bons resultados. No entanto, mais dia menos dia, tudo isso irá por água abaixo.
Se calhar vão essas ideias e até o próprio país. Mas se tiver de ser, que seja!
2 comentários:
Como há 11 anos que deixei de ter posto de trabalho - não tinha o necessário low-profile que, como toda a gente sabe, é condição sine qua-non para o exercício da profissão - não posso fazer greve...
Mas ainda há dois dias ouvi da boca de um trabalhador da controlinveste que não havia planos de acções solidárias na TSF, porque... olha, já nem me lembro do argumento. Devia ser tão descabelado...
Orlando, deixei um post no meu Blog sobre os seus dois posts. Chamei-lhe Murro no Estôamgo. Não é de forma nenhuma uma recriminação sobre os seus posts. Nem sequer uma queixa sobre o murro no estômago.Apenas o reconhecimento da razão do que escreve. E de que isso dói.
Um abraço.
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