Frei João Domingos afirmou numa recente homilia (Setembro do ano passado), em Angola, que Jesus viveu ao lado do seu povo, encarnando todo o seu sofrimento e dor. E acrescentou que os nossos políticos e governantes só estão preocupados com os seus interesses, das suas famílias e dos seus mais próximos.
"Não nos podemos calar mesmo que nos custe a vida", disse Frei João Domingos, acrescentando "que muitos governantes que têm grandes carros, numerosas amantes, muita riqueza roubada ao povo, são aparentemente reluzentes mas estão podres por dentro".
Por tudo isso, chamou atenção dos angolanos para não se calarem, para "que continuem a falar e a denunciar as injustiças, para que este país seja diferente".
Tendo em conta a crise de valores em que o país se encontra, Frei João Domingos recomendou aos angolanos sem excepção para que pratiquem os valores que Jesus Cristo recomenda: solidariedade, justiça, amor, honestidade, dedicação ao outro, seriedade, paz, a vida, etc.
“O Povo sofre e passa fome. Os países valem pelas pessoas e não pelos diamantes, petróleo e outras riquezas”, disse também Frei João Domingos, numa pregação certamente só ouvida pelos peixes ou pelas welwitschia mirabilis.
Entretanto, a Global Witness revela mais uma vez, no caso de Angola, uma realidade que já dura desde 1975, altura em que depois da oferta em bandeja de sangue por parte dos portugueses, o MPLA solidificou o poder com a ajuda de russos, cubanos, portugueses, brasileiros etc..
A Global Witness diz que accionistas de uma empresa autorizada a concorrer à exploração de petróleo em Angola têm o mesmo nome de altos responsáveis do Estado angolano, incluindo o de Manuel Vicente, presidente da Sonangol, a petrolífera estatal.
E então onde está a novidade? Sempre assim foi e, sempre com a conivência internacional, assim continuará a ser e bem da economia dos poucos que têm milhões e, é claro, para mal dos milhões que têm pouco, ou nada.
De acordo com a Global Witness, os registos da Sociedade de Hidrocarbonetos de Angola (SHA), publicados no Diário da República, nomeiam Manuel Domingos Vicente, nome do presidente da Sonangol, como um dos accionistas da SHA em Agosto de 2008, bem como Manuel Vieira Hélder Dias Júnior "Kopelipa", chefe da Casa Militar do Presidente José Eduardo dos Santos.
A Sonangol é a companhia criada pelas autoridades angolanas que atribui as licenças de exploração de petróleo, pelo que, a confirmar-se a presença do seu presidente na estrutura accionista da SHA, pode significar "abuso de poder", afirmou Diarmid O'Sullivan, um dos activistas da Global Witness, em declarações à agência Lusa.
Afirmou, mas mal. É que falar de “abuso de poder” só faz sentido nos países que são verdadeiros estados de direito democrático. Não é, manifestamente, ainda e durante muitos mais anos o caso de Angola.
Segundo este responsável da Global Witness, anteriores referências davam a SHA como tendo negócios na Guiné-Bissau e sendo propriedade de Manuel Vieira Hélder Dias Júnior, conhecido por "Kopelipa".
Nos documentos vistos pela Global Witness, Manuel Dias Júnior é outro nome referido como accionista, tal como José Pedro de Morais Júnior, nome do ministro das Finanças em 2007.
"Não podemos provar mas seria uma coincidência muito improvável ter dois grupos de pessoas com os mesmos nomes, ambos envolvidos no sector do petróleo, um de dirigentes governamentais e outro de investidores privados, sem qualquer ligação", vincou O'Sullivan.
"Se anda como um pato e fala como um pato, então provavelmente é mesmo um pato", ilustrou, usando uma expressão popular inglesa.
O Departamento de Estado norte-americano referiu, no seu relatório de 2008, que é comum dirigentes angolanos possuírem participações em empresas que realizam negócios com os seus ministérios, lembra a Global Witness. Pois é. E onde está o mal?
A organização britânica tem por missão expor a exploração corrupta de recursos naturais e desde 1999 que acusa as autoridades angolanas de má administração do sector petrolífero.
E se fosse má administração só do sector petrolífero...
1 comentário:
Orlando, a corrupção e os dirigentes fracos são males de países pobres e em desenvolvimento. O Brasil não foge a regra, já que aqui temos péssimos políticos, que roubam verba pública e contam com o respaldo da Justiça. Abraços.
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