Martinho Nombo e Francisco Luembatambém já foram detidos em Cabinda

As autoridades angolanas continuam a usar a razão da força para tentar calar a força da razão. Sucedem-se as prisões, as intimidações e o mais que com o tempo se saberá. A comunidade internacional está em silêncio (o petróleo e outras negociatas a isso obriga). Hoje foi a vez de o meu amigo Francisco Luemba ser detido.

Só por manifesta falta de seriedade intelectual (sejamos benevolentes), típica dos governos ocidentais em geral e do português em particular, é que se pode dizer, como fez recentemente o presidente (eleito) de Portugal em carta ao seu homólogo (não eleito) angolano, que Angola vai de que Cabinda ao Cunene.

Cabinda foi, é e continuará a ser palco de uma luta armada independentista liderada pela FLEC desde 1975, na exacta altura em que, sem ser ouvida ou achada, foi comprada pelo MPLA nos saldos lançados pelos então donos do poder em Portugal, de que são exemplos, entre outros, Melo Antunes, Rosa Coutinho, Costa Gomes, Mário Soares, Almeida Santos.

Até à vitória final, continuará a indiferença (comprada com o petróleo de Cabinda), seja de Portugal ou da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. E é pena, sobretudo quanto a Portugal, que à luz do direito internacional ainda é a potência administrante de Cabinda.

Portugal terá um dia (enquanto não for totalmente comprado pela Sonangol, MPLA, clã Eduardo dos Santos) de perceber que Cabinda não é, nunca foi, nunca será uma província de Angola.

Deixem-me, por fim, dizer-vos que só é derrotado quem deixa de lutar. Por isso, Cabinda acabará por ser independente. É que os Cabindas nunca deixarão de lutar, mesmo que estejam na cadeia, mesmo que sejam mortos.

E ainda bem que assim é meu caro Francisco Luemba.