O padre Casimiro Congo, defensor da auto-determinação daquilo a que o regime angolano do MPLA chama de província, Cabinda, disse hoje em Bruxelas que vai regressar a Angola, mesmo correndo o risco de ser preso (tal como todos aqueles que contestam as teses do MPLA, porque não aceita “exílios forçados” e quer prosseguir a luta “lá dentro”.
O padre Jorge Casimiro Congo, que tem previsto regressar em breve a Luanda após uma passagem pela Europa, falava à margem de uma mesa-redonda sobre direitos humanos em Cabinda, organizada pela eurodeputada Ana Gomes, que deu conta de rumores em Angola segundo os quais o clérigo poderá ser preso, na sequência da recente série de detenções de figuras da sociedade civil do enclave.
“Eu espero tudo, mas eu já disse que eu não aceito, não aceito mesmo - e é isso que eu digo aqui neste lugar onde se dignifica o Homem (Parlamento Europeu) -, não aceito o exílio forçado. Já chegam os exílios. Eu vou fazer a minha luta lá dentro”, declarou o padre Congo.
'Há uma coisa que eu aprendi na minha vida, e quem me ensinou isso foi o falecido Bispo D. António, do Porto: diante de Deus, de joelhos; diante dos homens, de pé. Eu aprendi a estar de pé e vou estar de pé diante de qualquer homem, jamais me ajoelharei. Mesmo que tenha de apodrecer na prisão, eu não vou aceitar ser escravo de um homem igual. Não, esse tempo já passou', reforçou.
De acordo com o clérigo, a recente série de detenções de figuras ligadas à auto-determinação de Cabinda não está relacionada com o ataque contra a selecção de futebol do Togo, sendo esse episódio, que admitiu ser 'infeliz', apenas um pretexto para concretizar planos antigos.
“Foi talvez o que deu azo a muitos projectos antigos. Há muito tempo que estão sobre nós. Não há espaço de cidadania em Cabinda (…) Eu creio que se não se tomar uma medida que esteja um bocado fora da lógica do petróleo, nós estamos mesmo para desaparecer', disse.
Por fim, o padre Jorge Casimiro Congo lamentou também a posição do Governo português, de condenar apenas o que classificou como um ataque terrorista durante a Taça das nações Africanas (CAN), afirmando que “Portugal é o ultimo a falar, não deve ser o primeiro a falar” sobre o enclave.
“Portugal é que é o culpado do que acontece em Cabinda. Não nos aceitou, traiu-nos”, disse, referindo-se ao processo de descolonização de Angola.
O clérigo afirmou, no entanto, ter esperança de que no futuro haja “governos portugueses com mais calma para ver este problema”, porque acredita “que há partidos que começam a levantar a cabeça” e surgirão figuras que fiquem “acima de quaisquer negociatas, de petróleo, ou de mão-de-obra que tem de ir para Angola”.
Enquanto Cavaco Silva faz questão de dizer que Angola se estende de Cabinda ao Cunene, quase dando a entender que a História de Portugal só começou a ser escrita em Abril de 1974, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho, diz que "Portugal não tem nada a ver com a questão de Cabinda que é um assunto de soberania angolana".
Não admira, por isso, que muita da Imprensa lusa seja apenas correia de transmissão da verdade oficial que, ainda por cima, revela um consenso entre os principais donos políticos do país.
Por alguma razão D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas portuguesas, lamenta que a comunicação social portuguesa e internacional continue sem dar a devida atenção ao que se passa em Cabinda.
Recorde-se que Francisco Luemba, um proeminente advogado e antigo membro da extinta organização dos Direitos Humanos Mpalabanda, foi detido no dia 17 de Janeiro e acusado de crimes contra o Estado, em conexão com a publicação de um livro em Portugal («O Problema de Cabinda Exposto e Assumido à Luz do Direito e da Justiça»), em 2008, que as autoridades alegam agora incitar à violência e rebeldia.
Também o Padre Raul Tati, foi detido no dia 16 de Janeiro e acusado dos mesmos crimes, enquanto Belchoir Lanso Tati, outro antigo membro da Mpalabanda, foi detido a 13 de Janeiro, também acusado de crimes contra o Estado.
Recorde-se que Francisco Luemba, um proeminente advogado e antigo membro da extinta organização dos Direitos Humanos Mpalabanda, foi detido no dia 17 de Janeiro e acusado de crimes contra o Estado, em conexão com a publicação de um livro em Portugal («O Problema de Cabinda Exposto e Assumido à Luz do Direito e da Justiça»), em 2008, que as autoridades alegam agora incitar à violência e rebeldia.
Também o Padre Raul Tati, foi detido no dia 16 de Janeiro e acusado dos mesmos crimes, enquanto Belchoir Lanso Tati, outro antigo membro da Mpalabanda, foi detido a 13 de Janeiro, também acusado de crimes contra o Estado.
1 comentário:
Meu irmao, coragem no universo de tantas, eu e nos estamos contigo, um dia vao reconhecer o estado cabindes, nao se canse e nem se cale.
Sou licenciado em Teologia, frequentando o terceiro ano de direito, tudo isso preparando-me pra seguir os vossos passos.
um dia gostaria de marcar uma odiencia e beber do Rev. Jorge, igual sao poucos mais nos poucos pode se fazer muito.
"Simso podemos ajoelhar diante de Deus e nao do homem", principalmente ser usado para ter.
tenha fe e creia que nada para o todo poderoso e impossivel. avontade de Deus sim a dos homens...
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