“É só escolheres: PS ou MPLA?»

Quando se tem de enfrentar o desemprego a racionalidade económica, em português corrente isto quer dizer bolsos vazios, obriga-nos a pensar de forma diferente.

Ou seja, obriga-nos a fazer aquilo que sempre foi desejo dos donos do poder: pensar com a barriga. Reconhecendo que penso melhor com ela cheia do que vazia, começo a olhar muitas vezes para o fim da picada.

Mas, como se não bastasse a obrigatoriedade elementar de fazer muitas contas, há sempre gente disposta a dar uma ajudinha no sentido, dizem, de aliviar a carga e de encontrar alternativas.

Não sei qual será melhor. Ter de aturar as mensagens alternativas ou ter de resistir aos sucessivos murros no estômago dados por aqueles que deixaram de nos conhecer.

Com esta história de ser angolano-português as alternativas têm dois remetentes. Um é português e outro angolano. Não é mau. É tudo a duplicar, se bem que muitas das alternativas sejam cópias, apenas mudando a opção estratégica para resolução de todos os males. PS num dos caso e MPLA no outro.

Estou, aliás, convencido de que as vagas de um serão preenchidas pelos candidatos do outro. O sistema de vasos comunicantes entre dois partidos irmãos e ambos no poder funciona às mil maravilhas.

Tal como em Portugal as famílias portuguesas precisam cada vez mais do Partido Socialista, as angolanas precisam do MPLA. É a máquina do poder, é a razão da força contra a força da razão, é a velha máxima do “quero, posso e mando”.

Nas ocidentais praias lusitanas a norte de Marrocos, existem dois tipos de portugueses (isto para além das outras 150 nacionalidades): os de primeira (socialistas, de preferência com cartão de militância e sem coluna vertebral), e os de segunda (todos os outros).

Por outro lado, nas ocidentais praias angolanas a sul de Marrocos, existem dois tipos de angolanos (isto para além das outras 150 nacionalidades): os de primeira (do MPLA, de preferência com cartão de militância e sem coluna vertebral), e os de segunda (todos os outros).

Vem tudo isto a propósito de algumas mensagens recebidas aqui na casa (Alto Hama) propondo-me várias alternativas de trabalho, todas elas “dando-me” duas opções afonsinas e camonianas: “É só escolheres: PS ou MPLA?”.