Cerca de mil militares da GNR iniciaram há pouco mais de uma hora uma manifestação em Lisboa (capital do reino socialista) contra "a escravatura do horário de trabalho" e a "degradação" das condições de serviço.
Liderada pela Associação dos Profissionais da Guarda (APG), a manifestação conta também com a presença de guardas florestais do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR, Associação Nacional dos Sargentos da Guarda e o Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, este último em solidariedade com os militares da GNR.
Empunhando bandeiras da APG, os militares da GNR vão dizendo palavras de ordem como "Horário sim, escravatura não!", "A saúde é um direito, sem ela nada feito!", e "Mentiroso! Mentiroso!", numa alusão ao não cumprimento das promessas feitas pelo ministro da Administração Interna, Rui Pereira, a quem avisam também: "Ministro, escuta, a GNR está em luta".
Atraso "incompreensível" na revogação do estatuto profissional, falta de um horário de trabalho de referência, promoções em atraso e perda de direitos na saúde são os principais motivos do protesto dos militares da Guarda Nacional Republicana (GNR).
O presidente da APG, José Manageiro, disse aos jornalistas que estão presentes na manifestação "cerca de mil militares da Guarda".
"Existe uma revolta na GNR, os militares estão descontentes", sublinhou José Manageiro, criticando "o militarismo exacerbado" da GNR e o "horário de escravatura", para referir que os elementos da corporação "dependem das chefias para programar a sua vida familiar".
O presidente da APG considerou a manifestação "um êxito", apesar de muitos militares não estarem presentes porque "a instituição marcou serviços para hoje e instrução".
Muitos dos elementos da GNR presentes na manifestação não quiseram falar aos jornalistas porque, segundo Manageiro, "na GNR ainda existe muito medo".
O presidente da Associação Nacional de Sargentos da Guarda, José O'Neill, disse à Agência Lusa que participam no protesto por estarem "preocupados com a falta de política e credibilidade para a consolidação da segurança interna em Portugal".
"Somos tratados de forma diferente das outras forças de segurança, temos deveres mas os direitos foram esquecidos, sublinhou.
Segundo José O'Neill, o Ministério da Administração Interna prometeu melhores condições de saúde e assistência judicial para os militares quando estes têm que ir a tribunal, promessas que afirmou não terem sido cumpridas.
Os guardas florestais exigem um regime de trabalho adaptado à GNR e à realidade do SEPNA, uma vez que têm limite de horas, não podendo efectuar serviço nocturno e horas extraordinárias, o que prejudica a sua acção de fiscalização.
O presidente da Federação dos Sindicatos da Função Pública, que representa os guardas florestais, Rui Raposo, disse que em Maio de 2006, quando ficaram integrados na GNR, entregaram ao Ministério da Administração Interna um conjunto de reivindicações, como a reestruturação da carreira com reconhecimento das suas funções de carácter policial, ao qual até hoje não receberam resposta.
1 comentário:
Não falaram aos jornalistas, mas falaram.
E os termos foram claros, "mandem-me para a psiquiatria, tirem-me a arma, porque estou a chegar ao meu limite! Estou farto de nomeações por proximidade maçónica" ou "Querem guerra civil, mas tiro vai sair pela culatra"... Deveras preocupado fiquei não apenas com comentários, mas de saber que a tensão nestes profissionais atinge niveis extremamente elevados. Estão a ser suportados não pelo estado, mas pelas populações que fornecem gratuitamente serviços, material, mão-de-obra para que postos e viaturas continuem operacionais. Relatos reais do absurdo, antes de receberem chamada a 'agradecer' participação na manifestação e como prémio tinham uma marcha de 20 kms de madrugada. E exemplos da retribuição à ajuda das populações encontrei aqui: http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=1183400
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