«Ainda pouco se falava de Lusofonia quando, em finais de 1996, decidimos criar, na Internet, um espaço privilegiado para a comunicação entre todos os falantes da língua de Camões (hoje mais de 220 milhões), independentemente do local de habitação.
Sabíamos, à partida, que este era um espaço necessário e que ninguém decidira ainda cobrir. Estávamos também nos primórdios da Internet em Portugal. Sempre partimos do princípio de que todos temos interesse em saber o que se passa de relevante nos outros países irmãos ou, estando fora do nosso país, queremos saber o que por lá vai acontecendo.
Assim, em Outubro de 1997, nascia o Notícias Lusófonas. Desde essa data publicamos, primeiro mensalmente, depois quinzenalmente e, por fim – sempre respondendo às solicitações dos leitores – semanalmente, uma súmula de notícias acerca do que ia acontecendo um pouco por todas as Comunidades Lusófonas. Nesse tempo, as informações eram enviadas por e-mail aos subscritores. Não foi um trabalho fácil e teve algumas interrupções.
Mentiríamos se disséssemos que nunca tivemos apoios. Tivemos. Dos muitos milhares de leitores e amigos que sempre nos incentivaram com palavras de apreço e de estímulo. Sempre foram eles que nos deram o alento para continuar, mesmo quando o desânimo pela falta de apoios “mais materiais” sobre nós se abatia.
Sempre com os nossos meios e animados da nossa velha paixão pela Lusofonia, resolvemos em Outubro de 2002 renovar o Notícias Lusófonas e fazer – uma vez mais – o que não existia em toda a Comunidade Lusófona: um jornal (digno desse nome) online com notícias dos vários países lusófonos e das comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo, com actualização dinâmica e diária, contendo ainda entrevistas e artigos de opinião.
Para esta nova aposta, que se revelaria um êxito editorial pioneiro na informação lusófona, muito contribuiu o apoio, a dedicação e o conhecimento profissional do Dr. Orlando Castro (jornalista do Jornal de Notícias, escritor, especialista em assuntos lusófonos e autor da nossa rubrica ‘Alto Hama’).
Foi ele quem, apenas por amor à causa, idealizou do ponto de vista editorial o que somos hoje e, certamente, o que seremos amanhã.
Encetamos a formação de uma Redacção e aqui, mais uma vez, fomos pioneiros. Aproveitando a força e as potencialidades das novas tecnologias, o Notícias Lusófonas deu corpo à tese de Orlando Castro e é feito em todos os cantos do Mundo onde estejam os nossos colaboradores.
Assim, a Redacção não tem espaço físico e existe onde estiverem os nossos jornalistas e demais colaboradores, seja em Angola, Timor-Leste ou em qualquer outro recanto onde exista um computador.
Temos hoje colaboradores espalhados por todos os países que compõem a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), bem como em alguns países de maior presença da comunidade portuguesa, casos do Canadá, EUA e França.
Embora muita da nossa informação seja colocada online pelos nossos jornalistas, trabalhamos igualmente com agências de informação, casos da France Press, Lusa e Reuters.
Em matéria de audiência, ultrapassamos as cinco mil visitas directas por dia (150 mil por mês), valor que, contudo, é muito maior em termos de audiência conjugada.
Isto é, muitos dos nossos textos são transcritos por publicações ligadas aos diferentes países da CPLP, bem como em páginas pessoais ou blogues, razão pela qual somos lidos por muito, muito mais gente.
Sabemos, todavia, que a grande maioria dos nossos leitores se situa em Portugal, Brasil, Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Mesmo fora destes países, são os cidadãos de cada um deles quem mais nos lê.
Dando corpo a duas das regras fundamentais “impostas” pelo pai editorial do Notícias Lusófonas (Orlando Castro, angolano de nascimento, de coração e de alma), procuramos ser jornalistas 24 horas por dia (o que pela web é possível sem dificuldades)
e pôr o poder das ideias acima das ideias de poder.
Por isso, enquanto uns dizem que têm excelentes ideias, outros provam – em português – que as têm.
Parafraseando Luís de Camões, o Notícias Lusófonas canta há oito anos o peito ilustre lusitano e, na prática, recorda que a ele obedeceram Neptuno e Marte. Além disso, importa dizê-lo, manda cessar (se para tal todos os lusófonos tiverem engenho e arte) “tudo o que a Musa antiga canta”. Fá-lo na certeza de que “outro valor mais alto se alevanta”.
Por culpa (mesmo que inconsciente) dos poucos que têm milhões, continuam os milhões que têm pouco à espera que a chamada comunidade lusófona acorde. É claro que, como em tudo na vida, não faltarão os que dirão que não é possível entregar a carta a Garcia. Dirão isso e, ao mesmo tempo, apontarão a valeta mais próxima.
Mas não é com esses que se faz a História da Lusofonia, tal como não é com esses que se faz o Notícias Lusófonas, apesar de muitos deles teimarem em flutuar ao sabor de interesses mesquinhos e de causas que só se conjugam na primeira pessoa do singular.
É para nós um privilégio manter um jornal que é uma pedrada no charco... apesar da indiferença de (quase) todos os que podiam, e deviam, ajudar este projecto lusófono.
Nunca tivemos apoios oficiais. Somos, desde há oito anos, o mais expressivo, relevante e talvez único veículo de divulgação e defesa da Lusofonia em termos informativos.
Os governantes das CPLP continuam a confundir a obra-prima do mestre com a prima do mestre-de-obras...
Até agora são mais os exemplos dos que, em vez de privilegiarem a competência, preferem a subserviência. Aliás, um dia destes, um velho amigo das causas lusófonas fez-nos o retrato do que entende ser o mal da nossa (lusófona) sociedade: “Quem trabalha
muito, erra muito; quem trabalha pouco, erra pouco; quem não trabalha, não erra; quem não erra... é promovido.”
Será? Pela nossa experiência cremos que é mesmo assim. No entanto, pensamos que não poderá continuar a ser assim, a não ser que queiramos ver a Lusofonia substituída pela Francofonia ou por outra qualquer fonia.
Será isso que os políticos das pátrias que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa querem que aconteça? Será isso que os empresários querem que aconteça?
Cá estamos para ver, esperando que não se repita a história do burro que quando estava quase a saber viver sem comer... morreu.
E se cá estamos para ver, também cá estaremos para dizer quem foram os que estavam a cantar no convés enquanto o navio se afundava.
Resta-nos acreditar (continuar a acreditar) que a Lusofonia pode dar luz ao Mundo e que, por isso, não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar. Se calhar, mais uma vez, estamos a tentar o impossível. Mas vale a pena (até porque a alma não é pequena), já que o possível fazemos nós todos os dias.»
(*) Artigo publicado na Revista “Comunicação e Sociedade”, Vol. 9-10 de 2006 da Universidade do Minho
http://revcom.portcom.intercom.org.br/index.php/cs_um/article/view/4758/4472
Encetamos a formação de uma Redacção e aqui, mais uma vez, fomos pioneiros. Aproveitando a força e as potencialidades das novas tecnologias, o Notícias Lusófonas deu corpo à tese de Orlando Castro e é feito em todos os cantos do Mundo onde estejam os nossos colaboradores.
Assim, a Redacção não tem espaço físico e existe onde estiverem os nossos jornalistas e demais colaboradores, seja em Angola, Timor-Leste ou em qualquer outro recanto onde exista um computador.
Temos hoje colaboradores espalhados por todos os países que compõem a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), bem como em alguns países de maior presença da comunidade portuguesa, casos do Canadá, EUA e França.
Embora muita da nossa informação seja colocada online pelos nossos jornalistas, trabalhamos igualmente com agências de informação, casos da France Press, Lusa e Reuters.
Em matéria de audiência, ultrapassamos as cinco mil visitas directas por dia (150 mil por mês), valor que, contudo, é muito maior em termos de audiência conjugada.
Isto é, muitos dos nossos textos são transcritos por publicações ligadas aos diferentes países da CPLP, bem como em páginas pessoais ou blogues, razão pela qual somos lidos por muito, muito mais gente.
Sabemos, todavia, que a grande maioria dos nossos leitores se situa em Portugal, Brasil, Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Mesmo fora destes países, são os cidadãos de cada um deles quem mais nos lê.
Dando corpo a duas das regras fundamentais “impostas” pelo pai editorial do Notícias Lusófonas (Orlando Castro, angolano de nascimento, de coração e de alma), procuramos ser jornalistas 24 horas por dia (o que pela web é possível sem dificuldades)
e pôr o poder das ideias acima das ideias de poder.
Por isso, enquanto uns dizem que têm excelentes ideias, outros provam – em português – que as têm.
Parafraseando Luís de Camões, o Notícias Lusófonas canta há oito anos o peito ilustre lusitano e, na prática, recorda que a ele obedeceram Neptuno e Marte. Além disso, importa dizê-lo, manda cessar (se para tal todos os lusófonos tiverem engenho e arte) “tudo o que a Musa antiga canta”. Fá-lo na certeza de que “outro valor mais alto se alevanta”.
Por culpa (mesmo que inconsciente) dos poucos que têm milhões, continuam os milhões que têm pouco à espera que a chamada comunidade lusófona acorde. É claro que, como em tudo na vida, não faltarão os que dirão que não é possível entregar a carta a Garcia. Dirão isso e, ao mesmo tempo, apontarão a valeta mais próxima.
Mas não é com esses que se faz a História da Lusofonia, tal como não é com esses que se faz o Notícias Lusófonas, apesar de muitos deles teimarem em flutuar ao sabor de interesses mesquinhos e de causas que só se conjugam na primeira pessoa do singular.
É para nós um privilégio manter um jornal que é uma pedrada no charco... apesar da indiferença de (quase) todos os que podiam, e deviam, ajudar este projecto lusófono.
Nunca tivemos apoios oficiais. Somos, desde há oito anos, o mais expressivo, relevante e talvez único veículo de divulgação e defesa da Lusofonia em termos informativos.
Os governantes das CPLP continuam a confundir a obra-prima do mestre com a prima do mestre-de-obras...
Até agora são mais os exemplos dos que, em vez de privilegiarem a competência, preferem a subserviência. Aliás, um dia destes, um velho amigo das causas lusófonas fez-nos o retrato do que entende ser o mal da nossa (lusófona) sociedade: “Quem trabalha
muito, erra muito; quem trabalha pouco, erra pouco; quem não trabalha, não erra; quem não erra... é promovido.”
Será? Pela nossa experiência cremos que é mesmo assim. No entanto, pensamos que não poderá continuar a ser assim, a não ser que queiramos ver a Lusofonia substituída pela Francofonia ou por outra qualquer fonia.
Será isso que os políticos das pátrias que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa querem que aconteça? Será isso que os empresários querem que aconteça?
Cá estamos para ver, esperando que não se repita a história do burro que quando estava quase a saber viver sem comer... morreu.
E se cá estamos para ver, também cá estaremos para dizer quem foram os que estavam a cantar no convés enquanto o navio se afundava.
Resta-nos acreditar (continuar a acreditar) que a Lusofonia pode dar luz ao Mundo e que, por isso, não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar. Se calhar, mais uma vez, estamos a tentar o impossível. Mas vale a pena (até porque a alma não é pequena), já que o possível fazemos nós todos os dias.»
(*) Artigo publicado na Revista “Comunicação e Sociedade”, Vol. 9-10 de 2006 da Universidade do Minho
http://revcom.portcom.intercom.org.br/index.php/cs_um/article/view/4758/4472
1 comentário:
Olá! Sou um jornalista brasileiro e tenho buscado blogs de países lusófonos para conhecer mais um pouco sobre as diferentes culturas q compartilham a língua portuguesa. Achei este seu blog muito interessante e pretendo acompanhá-lo sempre q possível!
Abraço,
Bernardo
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