O Classmate PC da Intel foi apresentado no reino lusitano como “Magalhães”. Seja como for, o “Magalhães” mais ou menos made in Portugal tem pai luso, ficou hoje a saber-se.
“O Magalhães é uma marca registada da JP Sá Couto. A JP Sá Couto é o pai do Magalhães. Nós não abdicamos disso”, afirmou Jorge Couto, presidente do conselho de administração, na comissão de inquérito à Fundação para as Comunicações Móveis (FCM).
Ou seja, o “filho” tem diferentes nacionalidades. Na Índia, por exemplo, dá pelo nome de MiLeap X e na Inglaterra por Jump PC.
Apesar disso, o presidente do conselho de administração da JP Sá Couto assume que a JP Sá Couto é o pai do “Magalhães”. E se é assim, assim constará da certidão de nascimento.
O presidente do conselho de administração da JP Sá Couto disse também que a empresa de Matosinhos só teve a certeza que ia vender computadores para o programa e.escolinha, no âmbito do qual foram distribuídos os computadores Magalhães, quando chegaram as encomendas.
“Só tivemos a certeza que íamos vender um computadorzinho para o e.escolinha, quando nos chegou a encomendazinha”, afirmou, em resposta ao deputado do PSD Jorge Costa que o questionou sobre o facto de a empresa ter anunciado a produção de computadores antes de o Governo apresentar o programa e.escolinha.
O deputado do PSD também perguntou ao presidente do conselho de administração da JP Sá Couto se as características técnicas e preço máximo definidas pelo Governo para o computador que seria distribuído no e.escolinha apenas “encaixavam” no Magalhães.
“Encaixavam no Magalhães e podiam encaixar noutros computadores”, respondeu o “pai” Jorge Couto.
Recorde-se que os presidentes das operadoras de telecomunicações TMN, Vodafone e Optimus disseram, na comissão de inquérito, que o “Magalhães” era o único computador que cumpria todos os requisitos do programa e.escolinha.
O “Magalhães” é aquela coisa - recorde-se - a que o melhor vendedor da empresa JP Sá Couto - de seu nome José Sócrates - chamou “o primeiro grande computador ibero-americano, uma espécie de Tintim: para ser usado desde os sete aos 77 anos”.
Por sua vez a JP Sá Couto é aquele empresa portuguesa cujo sucesso comercial se estendeu da Líbia e Marrocos, passando pela Venezuela e até mesmo por... Portugal.
Há pouco mais de um ano, falando à margem do lançamento pela Portugal Telecom do Sapo Moçambique e do Programa Magalhães, o responsável para a área dos mercados internacionais da JP Sá Couto, Luís Pinto, disse que "contavam até ao final de Março (2009) ter tudo resolvido, porque já tinham mais de 200 mil entregues, do lote de pouco menos 500 mil [que estavam previstos]".
Luís Pinto lembrou nessa altura que a empresa tinha projectos com contrato entre Portugal e a Venezuela e estava em negociações com propostas comerciais, mais avançados no México e na Líbia.
Além disso, num rasgo típico do “Magalhães”, afirmou que a empresa estava "percorrer uma série de países da área francófona em África, como o Gabão, os Camarões, o Senegal, a Costa de Marfim, São Tomé e Príncipe e Chade" e da América Latina, como a Venezuela, a Argentina e o Chile.
E eu, que não tenho o “Magalhães”, até julgava que quando se falasse de São Tomé e Príncipe seria no contexto não da Francofonia mas da Lusofonia...
Recorde-se que, segundo referiu em Agosto de 2009 o deputado Honório Novo, a JP Sá Couto tinha um comportamento "inaceitável e indigno" nas relações com os trabalhadores.
"A JP Sá Couto parece entrar pela mais dura e inaceitável discriminação sindical, perseguindo e despedindo trabalhadores sindicalizados, numa afronta inqualificável aos direitos individuais consagrados na Constituição", afirmou então o deputado.
Honório Novo referiu que a JP Sá Couto "incorre em ilegalidades" ao pagar abaixo dos valores estabelecidos no contrato colectivo das indústrias eléctricas, mantendo "pelo menos 155 trabalhadores na mais aviltante precariedade".
O deputado disse que 155 dos 160 trabalhadores afectos à produção do computador Magalhães na JP Sá Couto (que tem um quadro de pessoal de 300 elementos) são recrutados a empresas de trabalho temporário, tendo sido contratados com a exigência do 12º ano como habilitações literárias mínimas.
"Todos estes trabalhadores estão a receber salários de 465 euros mensais, menos 101 euros dos 566 euros de vencimento mínimo previsto no contrato colectivo das indústrias eléctricas", afirmou então.
O deputado, na altura também é candidato à presidência da Câmara de Matosinhos, município onde o “pai” do “Magalhães” tem a sua sede, afirmou ainda que a autarquia, não devia consumar a cedência de um terreno àquela empresa, onde seria instalada uma nova unidade para aumentar a capacidade de produção, sem se assegurar que de facto os postos de trabalho são "estáveis e de qualidade".
Embora sem “Magalhães”, e mesmo sem saber quem é a “mãe”, continuo a imaginar como será viver num Estado de Direito...
1 comentário:
A Mae nao sei.
Mas trbalho trouxe para quem la trabalha e para todas as empresas Portuguesas que para fornece.
E se não apoiamos o nosso Pais vamos continuar na miseria.
OBIGADO
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