O presidente da Sonae, Paulo Azevedo, anunciou hoje que, se tudo correr conforme previsto, a entrada da empresa no mercado angolano poderá acontecer já este ano.
Em cada mil crianças nascidas em Angola, 131 morrem antes de atingir o primeiro ano de vida, a taxa mais elevada entre os países lusófonos e de toda a África Austral.
São uns tantos, embora irrelevantes, angolanos que não vão poder ir ao colo dos pais comprar seja o que for nos hipermercados, ou similares, que a Sonae deverá abrir ainda este ano em Angola.
No “ranking” que analisa a corrupção em 180 países, Angola está na posição 158. Mas o que é que isso interessa? Não. Ao contrário do povo pé-descalço, os que integram este “ranking” vão alimentar bem os espaços comerciais da Sonae.
De acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), numa escala de 0 a 100, Angola apresenta um índice de desigualdade entre ricos e pobres de 58,6, os mais pobres (perto de 70% da população) têm uma taxa de consumo de 0,6 por cento enquanto a dos ricos é de 44,7 por cento.
Lá está. No caso, a Sonae não vai trabalhar para os muitos milhões de angolanos porque estes têm pouco ou nada. Vai, isso sim, investir (e fez muito bem) nos poucos que têm muitos, cada vez mais, milhões.
45% das crianças angolanas sofrem de má nutrição crónica, uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos. Mas o que é que isso importa? Estas, tal como os pais, não serão potenciais clientes da Sonae.
Mais de 90% da riqueza nacional privada foi subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população de cerca de 18 milhões de angolanos. Estes serão clientes Sonae.
1 comentário:
Voltaire
Servirão de combustível para o incêndio revolucionário que se seguirá.
Enviar um comentário