sexta-feira, março 26, 2010

O testemunho do Paulo F. Silva

«O Zé Luís (Abreu) foi o meu primeiro chefe de Redacção no JN e a ele devo a minha primeira reportagem a sério no exterior; lutei por essa reportagem, o Zé Luís acreditou em mim e, no regresso do outro lado do Mundo (Timor-Leste), um mês depois, tinha à minha espera uma palavra amiga com um abraço de agradecimento por ter correspondido à expectativa. Foi, talvez, a única vez que um chefe de Redacção me abraçou, foi, estou certo, a única vez que abracei o meu chefe de Redacção.»

Este é o Paulo F. Silva. Este é o José Luís de Abreu cujo funeral decorreu há poucas horas.

Meu caro Paulo, ainda bem, apesar de lá quereres estar, que não foste ao funeral. Passo a explicar.

Lembras-te daquele mercenário que quando chegou ao nosso JN se virou para o Zé Luís e lhe disse: “A partir de agora deixas de ser o meu chefe de Redacção”? Pois é, esse teve a lata de lá aparecer.

Já agora registe-se a resposta do Zé Luís: “Eu não sou teu chefe de Redacção, sou chefe de Redacção do Jornal de Notícias”.

Lembras-te daquele escroque que, junto da Adminitração, pôs em dúvida a doença do Zé Luís e dizia que ele estava de baixa médica porque não queria trabalhar? Pois é, esse teve a lata de lá aparecer.

Lembras-te daquele badameco que só escrevia alguma coisa minimamente aceitável graças aos revisores? Pois é, esse teve a lata de lá aparecer.

E se ele teve a lata de lá aparecer, aviltando a memória do Zé Luís, outros – muitos - apareceram para a honrar. Ainda bem (o Zé Luís compreende) que tu e muitos outros que queriam lá estar não foram.

Muitos dos que foram e muitos dos que não puderam ir honraram o Zé Luís em vida. E isso é que é importante. E honra é coisa que esse bandalho não sabe o que é, como o demonstrou hoje mais uma vez.

1 comentário:

Anónimo disse...

As rosas,
que tornam a minha alma rejuvenescida,
oferece-as à vida.
Guarda os espinhos
da má sorte
para a hora da minha morte.
Quando eu partir
irei a sorrir
porque até nos momentos de desalento
eu soube enraizar o contentamento
de quem quis sempre no futuro viver,
até o presente deixar de o ser.
Eu nunca ceifei as flores de alegria,
que na imaginação e no olhar ajunto,
para homenagear a agonia
ou a memória de qualquer defunto.
Deixei-as sempre perfumar
acordar
os sentidos
dos vivos.
Por isso, na hora da minha despedida,
bendizendo a vida,
não julguem que é uma nega
se me pagarem com a mesma moeda,
porque restarão intactos os trilhos
que ajudei a planear para os meus filhos
e para tantos companheiros de viagem
a quem faltou a coragem
de viverem as emoções e as essências
até às mais belas consequências.

José Filipe Rodrigues