segunda-feira, março 15, 2010

No reino mais europeu do norte de África só portugueses de primeira têm direito a viver

Sob proposta da Parpública (ou seja, do Estado), a REN vai atribuir bónus a José Penedos pelo trabalho realizado em 2009 como presidente da empresa.

Tudo porque, creio eu, o Programa de Estabilidade e Crescimento (o famoso PEC) obriga a sacrifícios... para alguns.

A decisão foi aprovada com 40 por cento de votos contra. Não sei se terá sido decisivo mas, pelo sim e pelo não, recorde-se que no final de Novembro José Penedos foi suspenso da presidência da empresa por alegado envolvimento no processo Face Oculta.

Recorde-se igualmente que a REN é controlada pelo Estado em 51,1% (3,9% através da Parpública e 46% da Capitalpor, detida por sua vez pela Parpública, e ainda 1,2% através da Caixa Geral de Depósitos).

Filipe de Botton, da Logoenergia - que detém 8,4 por cento da REN - foi um dos accionistas que discordou da decisão. Em declarações à Lusa, Botton explicou as razões pelas quais não concordaram com a atribuição de bónus.

"Em 2009, o conselho executivo, na altura liderado por José Penedos, não soube antecipar os problemas mais conhecidos por Face Oculta. Em consequência nós votámos contra qualquer atribuição de bónus, independentemente dos resultados da empresa", disse.

Disse e disse muito bem, apesar de – como é regra no reino mais europeu do norte de África – para nada tenha servido. E o Estado fez muito bem em premiar um dos seus até porque, convenhamos, até prova em contrário todos (embora mais uns do que outros) são inocentes, com ou sem PEC.

Se um dia o processo Face Oculta chegar ao fim, o que a acontecer deverá ser motivo de festejos, ficar-se-á a saber se Penedos é ou não culpado. Se for, o prémio já lá canta e ninguém o poderá obrigar a develver. Se não for, sempre pode pedir uma choruda indemnização.

"Achamos que é uma pouca vergonha, mas penso que o conselho executivo em funções, independentemente da proposta da Parpública, irá abdicar do prémio", acrescentou Filipe de Botton.

A decisão foi tomada hoje durante uma assembleia-geral da empresa em que ficou ainda definido um corte de 50 por cento no montante máximo do bónus. Até agora os gestores poderiam receber um prémio equivalente a 12 salários.

E enquanto isso, os portugueses lá vão cantando, rindo, passando fome, vagueando pelo desemprego e pelas pensões de miséria. Tudo, é claro, a bem de uma nação que caminha a passos largos para o desastre total.

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