quinta-feira, março 11, 2010

Exemplo de Berlusconi pode (e deve) ser adaptado a este moderno reino lusitano

Silvio Berlusconi tem o direito de ser o que é e, se calhar, os italianos merecem tê-lo como primeiro-ministro. Dizem os jornais que ele perdeu a cabeça com um jornalista durante uma conferência de imprensa.

Custa-me a crer que, na exacta medida do que se passou, Berlusconi tenha perdo algo que manifestamente não tem. A que tem, essa usa-a para outros fins.

Tudo aconteceu quando Rocco Carlomagno estava a questionar o primeiro-ministro italiano, que o tentou impedir de colocar as perguntas. Perante a insistência do jornalista, Berlusconi mandou-o sair da sala.

Digam lá que não é uma metodologia aplicável em Portugal? É, com certeza. No entanto, nesta como noutras matérias, o reino lusitano está muito mais adiantado do que Itália. É que, de há muito, a regra é mandar para as conferências de imprensa “jornalistas” que não fazem perguntas incómodas.

E assim sendo, nunca o primeiro-ministro se veria obrigado a mandar os jornalistas sairem da sala. Por alguma razão os vassalos da comunicação social têm todo o cuidado com o que perguntam, não vá o dono dos donos dos jornalistas retirar benesses...

Este episódio italiano, apenas mais um, tem contudo uma variante importante que pode servir de exemplo a Portugal. O ministro da Defesa, Ignazio La Russa, fez papel de segurança, dirigiu-se ao repórter e mandou-o calar.

Como todos sabemos, o actual ministro português da Defesa, Augusto Santos Silva, até gosta de malhar em todos os que pensam de maneira diferente. Por isso viria a calhar uma conferência de imprensa onde ela pudesse pôr em prática as suas congénitas característica de malhador.

Em Itália (como em Portugal) estavam vários jornalistas mas, ao que parece, só uma se queixou, alegando que o governante não tinha o direito de expulsar um colega só por causa de uma pergunta. E o resultado foi o esperado. O dono do país deu a conferência de imprensa por terminada.

Em Itália, de forma descarada, Berlusconi e os seus servos (alguns ditos jornalistas) controla os melhores horários em que na RAI 1 e RAI 2 passam as notícias de propaganda do Governo. Não são notícias, são anúncios publicitários. Mas como são supostamente feitos por jornalistas...

Já em Portugal é bem diferente, como todos sabem. O primeiro-ministro não controla, nem quer controlar, nenhum órgão de comunicação social, não influencia matérias jornalísticas, gosta de todos os jornalistas e até incentiva aqueles que discordam das suas ideias...

Por alguma razão, quando em 2004 chegou à liderança do PS, José Sócrates jurou a pés juntos que a liberdade de imprensa era para si sagrada...

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