Segundo a Manchete do Notícias Lusófonas, Cabo Verde quer uma comunicação social moderna, livre e dinâmica. Para isso, julgo, o Governo de José Maria Neves deve contratar a assessoria de quem mais sabe da poda em Portugal, o ministro Augusto Santos Silva.
Depois da fase em que assumiu o papel de educar das classes operárias e ignorantes, começando pelos professores que não sabiam (agora sabem cada vez melhor) a diferença entre Salazar e os democratas, Augusto Santos Silva bem poderia dar uma ajuda a Cabo Verde.
Recorde-se que uma das suas grandes obras, que importa agora recordar quando atiram o odioso da questão só para cima de José Sócrates, foi meter na ordem os jornalistas... também e sempre a bem de uma comunicação social moderna, livre e dinâmica. E meteu-os de forma profissional e sem o amadorismo.
Veja-se que quase todos os directores de jornais (não são propriamente jornalistas) vieram à praça pública dizer que são impolutos. E isso aconteceu porque, em devido tempo, Augusto Santos Silva colocou nos sítios certos os seus mabecos, os seus sipaios e os seus chefes de posto.
Visto (sobretudo em perte do seu círculo partidário) como um homem competente e com grande capacidade de trabalho, Augusto Santos Silva foi considerado um dos ministros mais “políticos” dos governos de José Sócrates.
É claro que competência significa no actual dicionário socialista a capacidade para malhar em todos os que pensam de maneira diferente. Por isso Santos Silva associou, em Janeiro de 2006, a eleição de Cavaco Silva, "o candidato apoiado pela direita", a uma tentativa de "golpe de Estado constitucional".
Santos Silva foi, aliás, eleito director do Acção Socialista, o órgão oficial do PS, sendo responsável na direcção partidária por toda a imprensa do partido. Isto para além, é claro, de toda a outra restante imprensa onde, em muitos casos, põe e dispõe... mesmo depois de ter passado para a pasta da Defesa.
Especialista em tudo, Augusto Santos Silva foi ministro da Educação entre 2000 e 2001, depois de ter sido secretário de Estado da Administração Educativa entre 1999 e 2000, e assumiu a pasta da Cultura entre 2001 e 2002. Como se vê...
Como se vê, alguns jornalistas meteram-se com os donos da verdade e do poder e foram para o olho da rua. Alguns empresários tiveram a ousadia de dizer umas tantas verdades ao chefe do posto e o resultado foi, sem apelo nem agravo, ver as suas empresas passadas a pente fino por todas as investigações possíveis e imaginárias.
Se calhar, digo eu, foi por isso que se deixaram de ouvir críticas como as que fez o patrão do grupo Jerónimo Martins que, há um ano, disse que a actual crise estava a ser agravada pela "demagogia que o senhor primeiro-ministro está a empregar neste momento e que é absolutamente intolerável”.
Como se vê, são cada vez mais os jornalistas interessados em manter o emprego e que, por isso, até acham que nunca houve tanta liberdade de imprensa em Portugal.
Aliás, para que servirá essa coisa chata que só incomoda e que dá pelo nome de Liberdade de Imprensa?
É que nem as empresas donas das fábricas de produção de textos de linha branca estão interessadas na Liberdade de Imprensa, desde logo porque esse é um empecilho à liberdade de facturar, de fazer fretes, de mascarar propaganda como se fosse informação.
Segundo Alberto Martins, na altura líder parlamentar do PS e hoje ministro da Justiça, "o PS tam a seu favor um património muito grande” porque foi “fundador da democracia”.
“Nunca como hoje temos condições de debate democrático", sustentou em Setembro do ano passado Alberto Martins, parecendo passar ao lado de nunca como nos últimos quatro anos e tal ter havido tantos jornalistas incómodos despedidos e tantos propagandistas transformados em jornalistas...
Alberto Martins parece esquecer, ou parecia na altura, que a liberdade de informação e expressão não é propriedade de ninguém e não é, ao contrário do que pensa, algo que se conquiste uma vez e fique para sempre. A liberdade precisa de ser praticada todos os dias, a todas as horas, em todos os actos.
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