... porque hoje é o dia do Pai que alguns têm, que outros tiveram, e que poucos nunca deixarão de ter.
Fernando Mendes tinha 60 anos de idade. Foi Jornalista do Jornal de Notícias durante mais de três décadas. Morreu no dia 3 de Novembro do ano passado, de doença súbita, dizia o jornal ao qual deu tudo o que tinha.
Profissionalmente partilhei com ele 18 desses trinta e tal anos no JN. Tempo suficiente para saber que se consumou no dia 3 de Novembro o que já começara há alguns meses. Pelo menos desde o início de 2009, altura em que anunciaram o despedimento colectivo que, entre outros e numa acção inédita, também atingiu alguns dos melhores jornalistas do JN.
Foi aí que o Fernando começou a morrer. De nada valeu o facto de ter dado trinta e tal dos melhores anos da sua vida ao JN. De nada valeu ter sido dos que ajudaram a fazer do JN o primeiro de todos e não, como agora acontece, o primeiro... dos últimos. De nada valeu ser um Jornalista que metia num bolso os algozes que decretaram a sua morte, que o apunhalaram pelas costas.
O Fernando era um Homem, exactamente o oposto dos algozes que a troco de um prato de lentilhas não se importam de sacrificar os melhores para serem criados de luxo do poder.
O Fernando era um Jornalista, exactamente o oposto dos algozes que, porque para contarem até 12 têm de se descalçar, fazem uso de uma coluna vertebral amovível.
Fica contudo, meu caro Fernando, a certeza de que se o teu valor se medisse pelo nível (humano, intelectual, moral ou profissional) desses algozes, nunca eu te chamaria camarada, companheiro e amigo.
... porque hoje é o dia do Pai que alguns têm, que outros tiveram, e que poucos nunca deixarão de ter.
Foto de João Paulo Coutinho
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