terça-feira, março 09, 2010

O rato pode parir uma montanha,
mas em Portugal isso é irrelevante

José Eduardo Moniz não tem «a mínima dúvida» da influência do Governo sobre a Media Capital, detentora da TVI, e da existência de um «plano» para controlar os meios de comunicação social.

Nada disso. O primeiro-ministro de Portugal está inocente. É tudo uma campanha negra. Alguma vez José Sócrates pensaria em controlar a comunicação social? Não. Nunca. Em termos de pureza, só Deus no céu e Sócrates na terra. Sócrates só, também não. É justo incluir o seu amigo José Eduardo (dos Santos).

«Houve claramente um plano para condicionar a actuação de alguns meios de informação, alguns empresários e alguns jornalistas. Nunca fui permeável a pressões, mas há quem seja», afirmou, na Comissão de Ética Eduardo Moniz.

E, agora falando sério, é verdade que a comunicação social portuguesa, com raras excepções, está nas mãos dos donos dos jornalistas (os empresários) e dos donos dos donos (o poder político e bancário dos amigos).

«Não tenho a mínima dúvida da influência do Governo sobre a Media Capital e da capacidade de intervenção sobre os seus administradores», acrescentou, sem, no entanto, dar exemplos concretos, a não ser «rumores» do envolvimento de António Vitorino.

E se fosse só na Media Capital... bem iria o reino das ocidentais praias lusitanas a norte, embora cada vez mais a sul, de Marrocos. Mas não. Há mais. Muitas mais que, contudo, vagueiam nos meandros das faces ocultas de um país que está longe, cada vez mais longe, de ser um Estado de Direito.

Entretanto, o impoluto presidente da Controlinvest, Joaquim Oliveira recusou depor na Comissão de Ética prevista para amanhã à tarde, invocando “direito de reserva” quanto à sua “vida privada e empresarial”.

Fez muito bem. É preciso que os deputados e outros titulares dos órgãos de soberania saibam com quantos paus se faz uma canoa. Além disso vai processar o Estado português pelas suas responsabilidades na “continuada e gravíssima violação do segredo de justiça” na divulgação de escutas, por exemplo, no processo Face Oculta e o alegado plano para controlo dos media por parte do Governo e de José Sócrates.

É assim mesmo. Eles hão-de saber que não se brinca com a idoneidade dos empresários. E para que melhor sintam, o presidente da Controlinveste exige ao Estado português uma indemnização de um milhão de euros por este não conseguir assegurar o bom funcionamento do segredo de justiça.

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