quinta-feira, março 11, 2010

Igreja Católica de Angola dá cobertura aos crimes que o regime comete em Cabinda

A hierarquia da Igreja Católica de Angola continua a querer agradar a Deus e ao Diabo, aviltando os seus mais sublimes fundamentos de luta pela verdade e do espírito de missão que deveria ser o de dar voz a quem a não tem.

O caso de Cabinda é o mais claro paradigma dessa hipocrisia. A Igreja Católica de Angola reitera a esperança na solução célere da prisão em Cabinda do padre Raul Tati e a posição sobre o estatuto do mesmo sacerdote, em processo de renúncia por livre iniciativa própria.

Ao que parece, a enorme violação dos direitos humanos em Cabinda, a forma execrável como as autoridades coloniais de Angola tratam impolutos cidadãos de Cabinda, parece pouco interessar à Igreja Católica. Isto porque, de facto, o regime colonial compra a sua cobardia dando-lhe as mordomias que a leva a estar de joelhos perante o MPLA.


«Nós, como Diocese, contactamos a Procuradoria-Geral da República e esperamos que o assunto se resolva da forma mais célere e se esclareça quanto antes, embora notamos com preocupação que o tempo da prisão cautelar já se tenha excedido», diz O vice-presidente da CEAST e Bispo da diocese de Cabinda, Dom Filomeno Vieira Dias, dando uma no cravo e outra na ferradura.

Dom Filomeno Vieira Dias sabe que em Cabinda, como em Angola, há cada vez mais gente a ser tratada de forma ignóbil pelo reime do MPLA. No entanto, desde que a Igreja não perca os seus privilégios vai fazendo o jogo dos poucos que têm milhões, estando-se nas tintas para os milhões que têm pouco ou nada.

Não deixa de ser elucidativo da posição subserviente da Igreja Católica o facto de Dom Filomeno Vieira Dias quase resumir os atentados aos direitos humanos em Cabinda ao caso, obviamente muito grave, do padre Raul Tati.

«Eu, pessoalmente, visitei este sacerdote. Tive encontro com ele. O nosso vigário geral, também, há poucos dias, visitou-o e teve encontro com ele», acrescentou o prelado, que rematou, indicando que «é quanto temos a dizer sobre esta matéria.»

Francamente! Raul Tati está a ser humilhado física e psicologicamente e, apesar disso, a Igreja Católica faz de conta que ele até está bem, recusando-se a denunciar – como é seu dever – as abomináveis condições em que o padre e todos os outros detidos tentam sobreviver.

Apesar de ter pedido a demissão, o Padre Tati não deixa de ser um cidadão. Cidadão cabinda cuja nobreza de espírito o levou a não pactuar com uma Igreja que esquece e até conspurca os seus mais elementares mandamentos.

Para além do Padre Raul Tati estão detidos (presumindo-se que ainda estejam vivos) João António Puati, Daniel Simba, Andre Zeferino Puati, Pedro Benjamim Fuca, Belchior Lanso Tati, Francisco Luemba e Barnabé Paca Peso
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