O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação português parte amanhã para Maputo, onde vai preparar a visita a Moçambique do Presidente Cavaco Silva, prevista para segunda quinzena de Março. Pôr João Gomes Cravinho a preparar a visita é meio caminho andado para o… fracasso.
A visita a Moçambique de Aníbal Cavaco Silva é a primeira na qualidade de chefe de Estado a um país africano de língua oficial portuguesa (no qual, aliás, prestou serviço militar) pelo que, na minha opinião, deveria merecer o cuidado, o rigor e o profissionalismo que fogem à capacidade deste secretário, mesmo que sendo de Estado.
Segundo Gomes Cravinho, a estada em Maputo vai servir também para negociar a liderança portuguesa no programa de apoio à Polícia de Moçambique, financiado pela União Europeia (UE), razão pela qual vai visitar quer o Comando daquela unidade policial e a delegação local da Comissão Europeia (CE).
Pelos vistos, há muito boa gente, a começar na equipa de Cavaco Silva, que acredita em João Gomes Cravinho. Que o PS, mas sobretudo José Sócrates, acredite, ainda vá que não vá. Mas…
Durante a visita, que termina na terça-feira à tarde, Gomes Cravinho manterá ainda encontros com o seu homólogo moçambicano e também com os ministros moçambicanos da Educação, Ciência e Administração Pública, o que, penso, nada tem a ver com a visita de Cavaco. Mas…
A comitiva de Cavaco Silva incluirá empresários, entre os quais alguns representantes de empresas portuguesas já a operar em Moçambique ou que tenham em perspectiva investimentos neste país africano.
A visita de Cavaco Silva realiza-se num momento de elevado simbolismo - considerado mesmo por muitos analistas de transição e relançamento - na relação entre os dois países, depois de há cerca de quatro meses ter sido concluído(?) em definitivo(?) o processo de reversão definitiva da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).
Esperemos, entretanto, não ler declarações de João Gomes Cravinho ao Expresso a dizer – com o seu raro sentido de oportunidade – que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, é um Hitler de África.
1 comentário:
Nada tenho contra ou a favor de Cravinho, mas se a escolha não é a mais correcta, isso é mais um prova da pouca eficácia dos muitos assessores dos ocupantes de altos cargos, que não sabem distinguir o trigo do joio, não entendem o que é assessório do que é essencial, ou saberão mas terão interesses em sugerir uma ou outra decisão. Nos tempos que correm, os valores éticos estão muito esquecidos. Hoje os jornais dizem que Sócrates e Menezes se mimosearam dizendo um do outro que não respeitam a palavra dada. Sócrates referia um caso, mas Menezes citava quase uma dúzia de falhas de Sócrates, e o que é grave é que este está sob o juramento de «desempenhar com lealdade as funções que lhe foram confiadas».
E assim vai este rectângulo à beira-mar plantado.
Abraço
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