quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Petróleo mina a estabilidade em São Tomé

O primeiro-ministro demissionário são-tomense afirmou hoje que o "bloqueio" da oposição à actuação do governo minoritário obrigou-o a colocar o lugar à disposição, situação que atrasa, entre outros processos, o desenvolvimento do sector petrolífero. É uma velha sina das democracias. Se seguissem o exemplo até agora dado por Angola, nada disso aconteceria.

Vera Cruz, anunciou hoje que colocou o lugar à disposição do Presidente da República, Fradique de Menezes, como vinha a ser exigido pela oposição depois do chumbo do Orçamento de Estado 2008 no parlamento, e afirma agora que São Tomé caiu numa situação de ingovernabilidade.

Não será tanto assim. Havendo petróleo todos os países são governáveis, mesmo que no sistema de ditadura democrática, como muito bem gostam os países ocidentais.

"Não há ambiente que permita uma boa governação do país. De há quatro ou cinco meses a esta parte o país tem vivido uma situação de permanente instabilidade", agravada pela subida do custo das importações, principalmente dos combustíveis e cereais, que tem gerado contestação social, afirma o primeiro-ministro.

É verdade. Mas a instabilidade é uma das muitas características dos países pobres. Tudo passará quando o ouro negro permitir que uns poucos tenham milhões e que uns milhares (no caso de São Tomé) continuem, como agora, a ter pouco.

Aliás, a Oposição (como todas as oposições) só levanta cabelo na esperança de ser ela a beneficiar em primeiro lugar dos benefícios da gamela do poder, da gamela do petróleo.

Enquanto isso, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa continuará a cantar e a rir, assobiando para o lado, sem se preocupar em meditar nos indícios desta crise para, a tempo e horas, cuidar de pôr no terreno medidas profilácticas que evitem, como a Lusofonia tão bem conhece, problemas bem mais graves.

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