O ministro-adjunto do primeiro-ministro angolano acena aos investidores portugueses com "oportunidades" e a recém-adquirida "estabilidade" económica e política, mas, avisou hoje em Lisboa, que só terão sucesso os empreendimentos que transfiram tecnologia e centros de decisão.
Entre outras verdades, o ministro disse que "é preciso sermos francos na parceria, ter o coração aberto, sem reservas". Ao falar no plural, Aguinaldo Jaime (na foto), acertou em cheio. Falta saber se, em Luanda, não vai levar um puxão de orelhas. É que, na capital do poder e no poder da capital, as regras são diferentes.
"Angola vai continuar a viver um futuro de estabilidade política. Temos um futuro radioso para a economia e para o país", afirmou Aguinaldo Jaime.
Futuro radioso para a economia? Certamente. Para o país? Tenho dúvidas. Estabilidade política? Não creio. Basta ver o poder geral e generalizado que os militares têm. As fardas das altas patentes dominam a economia mas minam o país e aniquilam a estabilidade política.
Sobre a questão da candidatura de José Eduardo dos Santos nas próximas eleições presidenciais, Aguinaldo Jaime afirmou que a continuação do "obreiro da paz e da reconciliação" à frente dos destinos do país seria um garante de estabilidade, mas que esta não está em causa mesmo que o actual chefe de Estado opte por designar um sucessor.
Ora aqui está como um cuidadoso ministro deixa fugir a boca para a verdade. Dando de barato a teoria do “obreiro da paz e da reconciliação”, Aguinaldo disse que Eduardo dos Santos pode optar por designar um sucessor. Não é, portanto, o MPLA que escolhe entre eventuais candidatos. É o presidente que designa o sucessor.
A bem da "estabilidade" de Angola, o ministro-adjunto do primeiro-ministro disse apoiar uma recandidatura de Eduardo dos Santos, para que pudesse ter "glória suprema" de ser Presidente, finalmente, eleito. Pois. Seria uma forma democrática de legitimar um ditador.
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