O respeito é muito bonito e, creio, todos gostamos. No que ao presidente do MPLA e de Angola respeita, é público que o considero um ditador e o principal responsável, entre muitas outras coisas, pela fome que atinge milhões de angolanos. Isso não me dá direito de ofender José Eduardo dos Santos, esquecendo a educação e entrando pelo insulto soez, torpe e ordinário.
Vem isto a propósito de um CD (“xumuna – Trilha Ze Dú – Vairada 2008") em que o presidente de Angola é insultado de forma vil e cobarde. O facto de eu estar política, ética e moralmente nos antípodas de Eduardo dos Santos, não me dá o direito, nem a mim nem a ninguém, de dizer o que é dito do, goste-se ou não, mais alto magistrado de Angola.
Criticar Eduardo dos Santos? É claro que sim. Tenho-o feito, continuarei a fazê-lo, de forma incisiva e por vezes violenta mas, é claro, de modo educado e cívico. As ideias de poder (tão típicas do MPLA e da ditadura de Eduardo dos Santos) só se devem combater com o poder das ideias.
Ofender o presidente, chamando-lhe tudo e mais alguma coisa (metendo ao barulho a própria Mãe), não é a melhor – pelo contrário – forma de se defender a democracia, a liberdade, a justiça social e a alternância democrática num estado de direito.
O autor da referida canção e todos aqueles que lhe dão cobertura deveriam saber que a liberdade de cada um acaba onde começa a dos outros. Além disso, enquanto não percebermos que melhor do que pensar e agir com total liberdade é pensar e agir com rectidão, não vamos a lado algum.
Goste-se ou não, e eu não gosto, José Eduardo dos Santos é o mais alto magistrado de Angola e merece respeito. Respeito dos amigos e dos adversários.
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