sábado, fevereiro 02, 2008

África está a arder? Está. Por obra e graça
da hipocrisia da Europa, dos EUA e da ONU

O Chade está a ferro e fogo. O Quénia também. O Sudão igualmente. Seguir-se-á a República Centro-Africana. O conflito em Darfur causou no mínimo 200 mil mortos e dois milhões de refugiados e deslocados. E o Ruanda, Etiópia, Somália? Mas o que é que isso importa? Importante, importante é o casamento, hoje, no Palácio do Eliseu, do presidente francês, Nicolas Sarkozy, com a cantora e ex-modelo Carla Bruni.

E se calhar, a velha Europa (de onde saíram as antigas potências coloniais de África) até tem razão: São pretos e, por isso, a comunidade internacional (EUA, Europa, ONU) pode dormir descansada, comer do bom e melhor e ir negociando a venda de armas para que eles, os pretos, se vão matando uns aos outros e ela possa ficar com as riquezas do continente.

Como se África já não tivesse problemas que cheguem, a comunidade internacional (Europa, EUA, ONU) volta a incendiar, ou a fornecer o fogo, este mártir continente. Como convém, à fome continua a juntar-se a guerra. Mas como são pretos, digo eu, os donos do poder e, supostamente, da civilização, continuam a cantar e a rir, festejando o casamento de Sarkozy.

O alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, certamente voltará a dizer que “é necessária uma acção internacional urgente para pressionar as partes em conflito e todas as pessoas envolvidas no terreno a deixarem as agências humanitárias trabalharem em segurança. Milhares de vidas dependem disso”.

Certamente obterá a garantia oficial de que a comunidade internacional tudo fará para acabar com estes sucessivos genocídios. Mas o que, na verdade, EUA, Europa, ONU querem dizer é: “que se lixem, são pretos”.

Pois são. E depois venham falar de terrorismo no Ocidente, da al-Qaeda, de Bin Laden.

1 comentário:

A. João Soares disse...

Orlando de Castro,
O problema é ghrave. Mas a solução não pode vir de fora, se no interior não houver condições para o apaziguamento. As pessoas morrem de fome e de muitas mais carências, mas os senhores do País e os oposicionistas que os querem substituir, levam uma vida faustosa. O termo de comparação que pretendem para o seu nível de vida é o dos líderes das grandes potências, e não pensam nos seus concidadãos, mais desprotegidos. Não é por serem pretos, é por falta de civismo e de generosidade de sentido de serviço público. Em Portugal, passa-se o mesmo com brancos. Os do Poder usufruem de tudo, mesmo daquilo que o País não tem condições de lhes dar. Há enriquecimentos ilegítimo, ordenados e subsídios exagerados e muitas vezes ilegais. Não há vergonha na cara dos políticos.
E, quanto a ajuda a países pobres, os nossos políticos, para «fazer figura», não hesitam em dar o que faz falta aos seus «súbditos».
O mundo parece estar louco! Não se sabe onde esta torrente de lama irá desaguar.
Quanto às incapacidades da ONU e d comunidade internacional, já me referi várias vezes em Do Miradouro, mas é preciso que se levantem muitas vozes para acordar os ambiciosos egoístas que apenas olham para o próprio umbigo.
Abraço