As minhas certezas em relação a Angola são, creio, quase unânimes entre os que como eu não definem Angola porque, cada vez mais, se limitam a senti-la. Tantas vezes com dor, muitas outras com uma lágrima no canto do olho, e sempre na esperança de que o futuro há muito deveria ter nascido... assim os angolanos (sobretudo os que estão no poder) tivessem a noção de que quem não vive para servir não serve para viver.
Tenho (tanto quanto isso é possível) a certeza de que o que Angola não teve, nem tem, é bons amigos. Verdadeiros amigos. Americanos e soviéticos (entre os dois venha o Diabo e escolha) apenas se prestaram a ajudar o país porque a troco de um chouriço recebiam um porco. A troco de armas recebiam barris de petróleo. A troco de minas recebiam diamantes. Hoje será, talvez, diferente. Mas todos os cuidados são poucos.
Ou seja. Angola tem (quase) tudo para ser um grande país e até, daqui a algumas gerações, uma grande nação. Deus, seja Ele quem for, deu a este espaço africano (tão mal dividido à régua e esquadro pelos colonizadores europeus) tudo o que era preciso para ser o maior entre os maiores.
Também lhe deu, reconheça-se, um mosaico de povos capazes de valorizar mais o que os une do que o que os divide. Reconheça-se ainda, por ser um elementar acto de justiça, que lhe deu um colonizador melhor (é claro que com muitos defeitos) do que o atribuído a outros países da região.
Também lhe deu, reconheça-se, um mosaico de povos capazes de valorizar mais o que os une do que o que os divide. Reconheça-se ainda, por ser um elementar acto de justiça, que lhe deu um colonizador melhor (é claro que com muitos defeitos) do que o atribuído a outros países da região.
Tenho (tanto quanto isso é possível) a certeza de que o que Angola não teve, nem tem, é bons amigos. Verdadeiros amigos. Americanos e soviéticos (entre os dois venha o Diabo e escolha) apenas se prestaram a ajudar o país porque a troco de um chouriço recebiam um porco. A troco de armas recebiam barris de petróleo. A troco de minas recebiam diamantes. Hoje será, talvez, diferente. Mas todos os cuidados são poucos.
Os amigos dos angolanos não são os que aparecem na Imprensa a oferecer próteses para os deficientes de guerra. E não são porque, importa recordá-lo, esses são os mesmo que forneceram as minas que provocaram toda essa catástrofe.
As minhas dúvidas em relação a Angola: Eduardo dos Santos, um presidente democraticamente quase vitalício, continua a confundir a obra prima do Mestre com a prima do mestre de obras. Diz o presidente que «honrar e declarar o nosso amor por Angola assume um carácter solene e especial». É verdade. Mas isso não basta.
As crianças que mendigam e morrem à fome nas ruas de Luanda também amam Angola. Amam-na e declararam esse amor. No entanto, Eduardo dos Santos, que tem pelo menos três refeições por dia, continua a nada fazer para lhes dar um prato de fuba.
Rui Mingas (um dos homens do presidente) dizia que, «nos antigamente», os angolanos apenas tinham «peixe podre, fuba podre, 30 angolares e porrada se refilares». E hoje? Hoje continuam a levar porrada, mesmo sem refilar, e nem peixe ou fuba podre têm.
«À força do povo angolano e à riqueza dos recursos naturais do nosso país, podemos juntar agora a serenidade que se instaura quando constatamos que nada mais pode pôr em causa o esforço colectivo para a construção do bem comum», afirmou Eduardo dos Santos.
Baixinho, creio eu, Eduardo dos Santos deverá ter acrescentado: olhai para o que eu digo e não para o que eu faço. E o povo que aplaudia, certamente pensou: quem nos dera ter de comer.
Sem desculpas, o Governo de Luanda tem tudo para mostrar do que é capaz. Não vai chegar lá. Mal acabou com Savimbi virou-se para Cabinda. E depois vira-se para qualquer outro sítio, mesmo fora de Angola.
Os poucos que têm milhões não vão abdicar de nada em favor dos milhões que têm pouco... se é que têm alguma coisa.
Resta-me esperar pelas eleições para ver se o futuro nasceu ou se, mais uma vez, será vítima da interrupção voluntária típica dos regimes ditatoriais.
Resta-me esperar pelas eleições para ver se o futuro nasceu ou se, mais uma vez, será vítima da interrupção voluntária típica dos regimes ditatoriais.
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