sábado, fevereiro 09, 2008

Generais políticos e políticos generais
(re)põem jornalistas na linha de fogo

Gosto (por defeito de fabrico) de manter viva a peregrina ideia gerada e nascida em Angola, de que não se é Jornalista sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia... mesmo estando desempregado.

Reconheço, contudo, que essa é uma máxima cada vez menos utilizada e, até, menosprezada por muitos dos que mais recentemente chegaram a esta profissão e, até, pelos que há muito vagueiam pelas redacções mas que só agora estão (se é que estão) a chegar ao jornalismo.

Angola vive agora, sobretudo em função das anunciadas eleições, uma nova realidade que, contudo, é corrente em diversos países ditos evoluídos, como é(?) o caso de Portugal. Os jornais (é claro que também as rádios e as televisões) começam a não ser um produto feito à medida dos jornalistas e/ou dos consumidores mas, isso sim, dos intere$$es em jogo.

No caso angolano começam a ser, cada vez mais, um negócio ou, melhor, uma forma de comércio. São apenas mais um produto em que os seus fazedores (na circunstância catalogados de jornalistas) são escolhidos à e por medida pelos donos do poder, seja ele apenas político ou político e económico.

E, como tal, os jornalistas angolanos tendem a ser forçados a obedecer às regras da oferta e da procura. Mais do que informar, mais do que formar, têm de ajudar a vender políticos e generais no caso de Angola, políticos e empresários no caso português, por exemplo.

E se em Portugal os jornalistas são os montadores que, de acordo com o mercado, alinham as peças de um crime, de um comício, de um atentado ou de um buraco na rua, em Angola são comprados, presos ou ameaçados para que possam assinar textos que ajudem a vender o partido do Governo para que este ganhe as próximas eleições.

Angola vive, aliás, a fase em que os jornalistas têm a sobrevivência no fio da navalha que é manipulada por generais políticos ou por políticos generais. Se teimarem em ser Jornalistas acabam nas prisões ou chocam contra uma bala de borracha que depois de disparada para o ar se transforma em chumbo.


E porque, naturalmente, todos queremos sobreviver e ter uma vida digna, resta-nos integrar as linhas de montagem que, como muito bem sabem os generais políticos e os políticos generais, não precisam de jornalistas. Apenas precisam de autómatos. E desde que estes façam tudo o que o dono do poder quer, até poderão ostentar a designação profissional de jornalista.

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