sábado, fevereiro 16, 2008

$ocrates & Lino, sociedade anónima

A última vez que derrapei, estatelei-me contra quem não tinha culpa e, claro, tive de pagar os prejuízos. Pelo contrário, o Governo português, neste caso, vai-se estatelando e quem paga é o Zé povinho. Ainda hoje o ministro das Obras Públicas justificou a derrapagem de 9,5 milhões de euros (coisa pouca, reconheça-se) nos custos da recuperação do Túnel do Rossio, em Lisboa, com a troca de empreiteiro e com a monitorização. E quem paga, quem é?

Mário Lino reiterou que a segurança está assegurada: "Esta obra tem todas as condições de segurança", afirmou o ministro com a mesma segurança e convicção com que escolheu a OTA para local da construção do novo aeroporto de Lisboa.

Segundo Mário Lino, a rescisão do contrato com o consórcio Teixeira Duarte/Epos causou "um aumento dos custos", designadamente porque obrigou a um "prolongamento do tempo de estaleiro", mas não foi a causa de todas as despesas adicionais.

É sempre assim. Aliás, as derrapagens que acabam por ser pagas pelo povinho luso são, a par da corrupção – por exemplo, uma das imagens de marca deste quintal à beira mar plantado.

Mário Lino salientou que "no relatório muito recente do Tribunal de Contas o procedimento seguido neste processo foi altamente elogiado", como exemplo de defesa do interesse público e de boa gestão dos dinheiros públicos.

Ora nem mais. Boa gestão dos dinheiros públicos… mês quando se regista uma derrapagem de 9.5 milhões de euros. E é com este tipo de boa gestão que Portugal continua a ter o primeiro lugar no ranking dos países que melhor gerem os dinheiros públicos. Ranking do terceiro mundo, entenda-se.


Depois de ter segredado algo ao ministro Mário Lino (presumo que tenha dito: “porreiro, pá!”), José Sócrates disse que "todos os que vêm para a política com a ideia de que não vêm correr riscos, não vêm para a profissão certa".

Sócrates na senda de La Palisse, embora batendo mais ao lado. O que o primeiro-ministro de Portugal queria dizer era: quem vem para a política para servir e não para se servir… está na profissão errada. Ou seja, na política só estão (ou quase só estão) os que apenas se querem servir… à grande e, ainda por cima, à francesa.


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