sexta-feira, março 12, 2010

A vingança serve-se fria... a bem da nação!

As buscas da Polícia Judiciária portuguesa, relacionadas com licenciamento de espaços comerciais, estenderam-se à sede do Grupo Jerónimo Martins, proprietária das cadeias de distribuição Pingo Doce, Feira Nova e Recheio.

Desde que em Fevereiro do ano passado o patrão do grupo Jerónimo Martins, Alexandre Soares dos Santos, disse que a actual “crise estava a ser agravada pela demagogia que o senhor primeiro-ministro está a empregar neste momento e que é absolutamente intolerável”, que – para além de outras acções intimidatórias – era de esperar uma (re)acção deste tipo.

Ao que parece, as autoridades investigam possíveis práticas de crimes de corrupção, tráfico de influências e prevaricação.

A Jerónimo Martins confirmou que a sede foi alvo de buscas da PJ na quarta-feira, mas garante desconhecer o âmbito destas investigações.

A Jerónimo Martins acrescentou ainda que encara "com muita tranquilidade e respeito esta investigação, convicto que cumpre integralmente os imperativos legais em vigor nas geografias onde opera".

O primeiro-ministro explicou há um ano que “em Portugal temos esta situação extraordinária: de um Governo que quer fazer mais e uma oposição que acha que não se devia fazer nada e nos devíamos sentar à espera que a crise passasse”.

Desde essa altura que fiquei à espera, mas não ouvi (falha minha, com certeza) José Sócrates apontar o exemplo do patrão do grupo Jerónimo Martins que disse que a actual crise está a ser agravada pela "demagogia que o senhor primeiro-ministro está a empregar neste momento e que é absolutamente intolerável”.

A resposta parece estar agora a chegar. É que, Alexandre Soares dos Santos também disse que "mais grave ainda temos um Parlamento... que nada discute e nada controla".

Acresce que, desta e de outras formas, todos continuam a saber que com estes dirigentes, tal como com outros, quem se meter com o PS... leva, forte e feio.

Alguns jornalistas meteram-se com os donos da verdade e do poder e foram para o olho da rua. Alguns empresários tiveram a ousadia de dizer umas tantas verdades ao chefe do posto e o resultado foi, sem apelo nem agravo, ver as suas empresas passadas a pente fino por todas as investigações e inspecções possíveis e imaginárias.

Do que estaria à espera Alexandre Soares dos Santos quando, no passado dia 3, disse que o seu grupo "mantinha a política de não despedir se houver crise", revelando que os resultados anuais da Jerónimo Martins subiram 22,8% e bateram as estimativas que circulavam no mercado?

Do que estaria à espera ao revelar que que a Jerónimo Martins fechou o ano passado com lucros de 200,3 milhões de euros, mais 22,8% do que em 2008?

Se, ao menos, tivesse dito que tudo isto se deveu às políticas dos governos socialistas...

Mas como só não disse isso e, ainda por cima, há um ano, afirmou que “crise estava a ser agravada pela demagogia que o senhor primeiro-ministro estava a empregar neste momento e que é absolutamente intolerável”, tinha mesmo de levar pela medida grossa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Grande Artigo Orlando! :))
Tenho colocado quase todos no facebook... :))
Abraço.

ELCAlmeida disse...

E depois da entrevista que deu a um programa de Negócios da SIC-Notícias mais estranho seria que isto não viesse a acontecer.
E quando também disse, mais palavra, menos palvra, que não precisava de despedir pessoas para manter a empresa...
Há patrões e há Líderes!
Kdd
Eugénio Almeida