“Aqueles que
são responsáveis pelo resvalar da despesa têm de ser civil e criminalmente
responsáveis pelos seus actos”, afirmou Passos Coelho.
Escreve o
jornal Público que o primeiro-ministro de Portugal reiterou hoje o compromisso
do Governo com as metas fixadas para o défice orçamental, mas não disse se
conta (embora conte, digo eu) adoptar novas medidas de austeridade para
assegurar o seu cumprimento.
Passos
Coelho desde há muito que adoptou a técnica de José Sócrates, que tanto
criticou, de dizer às segundas, quartas e sextas e uma coisa e às terças,
quintas e sábados outra. Sendo que ao domingo, como convém, vai tomar a hóstia
que tira todos os pecados do mundo.
Ao que
parece, apesar de todos os antecedentes, ainda há quem dê o benefício da dúvida
ao primeiro-ministro. A ingenuidade e a falta de memória têm altos custos. É
caso para perguntar a Passos Coelho o que ele perguntou aos portugueses sobre
José Sócrates: “Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro
mente?”
Mentir é, no
caso de Passos Coelho uma forma de vida. Em tempos ele afirmou: “Estas medidas
põem o país a pão e água. Não se põe um país a pão e água por precaução”.
Resultado? Pôs os portugueses a água mas cada vez mais sem pão.
Foi ele quem
disse: “Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro
tapando com impostos o que não se corta na despesa”. Resultado? Pôs os
portugueses a pagar mais impostos, penhorando até o futuro dos filhos e netos.
Foi Passos
Coelho quem disse: “Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo
anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias”. Resultado? Acabou com as
deduções e aumentou a carga fiscal das famílias.
Foi ele quem
disse: “Aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa têm de ser civil
e criminalmente responsáveis pelos seus actos”. Resultado? As despesas
resvalaram e de que maneira mas, como dono do país, mandou às malvas essa ideia
de os autores serem civil e criminalmente responsabilizados.
Foi Passos
Coelho quem disse: “Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam.
Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos”. Resultado? Continua a
trabalhar em prol dos poucos que têm milhões, esquecendo totalmente os milhões
que, por sua culpa, têm pouco ou nada.
Também foi
ele quem disse: “Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às
famílias e às empresas para o Estado. Já estamos fartos de um Governo que nunca
sabe o que diz e nunca sabe o que assina em nome de Portugal”. Resultado? O
Estado transferiu os sacrifícios que lhe deviam caber para as famílias e para
as empresas.
Foi Passos
Coelho quem disse: “Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões
mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa”. Resultado?
Pura e simplesmente acabou com a classe média, atirando-a para o nível de lixo.
Foi
igualmente o actual primeiro-ministro quem disse: “Se formos Governo, posso
garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para
sanear o sistema português”. Resultado? Despedimentos nunca vistos, desemprego em
níveis históricos, cortes nos salários e nos subsídios.
Foi a mesma
criatura quem disse: “A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o
IVA não tem fundamento. A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais
forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos”. Resultado?
Aumentos brutais do IVA, imposição de terríveis sacrifícios aos cidadãos.
O mesmo
Passos Coelho também disse: “Não aceitaremos chantagens de estabilidade, não
aceitamos o clima emocional de que quem não está caladinho não é patriota”.
Resultado? Chantagens e mais chantagens. Pressões e mais pressões.
Institucionalização do princípio de que até prova em contrário todos são
culpados.
Passos
Coelho foi ainda quem afirmou: “Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD
quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate”.
Resultado? Que cada um olhe para o que se passa consigo. Basta isso.
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