quinta-feira, junho 28, 2012

Seabra e Relvas na lota de Matosinhos?



O PS vai utilizar do seu direito potestativo para levar o ministro Miguel Relvas à Comissão de Ética do Parlamento, no próximo dia 3.  

Supostamente o impoluto ministro irá dizer o que bem entender sobre os seus (neg)ócios de estimação com o jornal Público. Como em tudo o que envolve Miguel Relvas, a montanha nem sequer um rato vai parir.

Quem anunciou a iniciativa foi o deputado Manuel Seabra. Logo por aqui se pode imaginar o que vai dar. Com algum ingénuo optimismo ainda se poderia valorizar a mensagem. Mas a honorabilidade política do mensageiro deita tudo por terra.

Se calhar, admito, nesta questão Ética o PS não tem melhor. E, de facto, entre Manuel Seabra e Ricardo Rodrigues venha o Diabo e escolha.

Quem não se recorda, por exemplo, de ver Manuel Seabra expelir fogo e ódio no ataque que, na Comissão de Ética (ainda por cima de Ética), dirigiu à jornalista Manuela Moura Guedes?

Dizem-me que é uma questão de  estilo. Poderá ser. Aliás, é bem verdade que já vem de longe, de muito longe.

Manuel Seabra tem, sobretudo quando fala, o condão de me trazer à memória (e esta coisa de ter memória é claramente um defeito de fabrico) o que em se passou em 2004 na lota de Matosinhos, quando Sousa Franco morreu de ataque cardíaco.

A lota de Matosinhos tornou-se nesse fatídico dia 9 de Junho num autêntico campo de batalha socialista, sem ética e sem dignidade. As duas forças em confronto eram chefiadas por Narciso Miranda e Manuel Seabra, ambos do PS, e candidatos à Câmara de Matosinhos nas autárquicas de 2005.

Já nessa altura, e se calhar há defeitos congénitos que nenhum tipo de cosmética altera, Manuel Seabra mostrava que não olhava a meios para atingir os seus fins.

Embora pouco tempo tenha permanecido na lota, Sousa Franco não resistiu. Merecia mais respeito por parte destes socialistas. Não o teve e pagou caro.

Nesse dia, os apoiantes de Narciso e de Seabra mostraram ao mundo o que a guerra pelos tachos leva as pessoas a fazer. Nessa batalha o mais inocente dos políticos presentes, Sousa Franco, pagou com a vida a sua entrega à causa pública.

Sãos e salvos e dispostos, como ainda hoje se vê na Assembleia da República, continuam os oficiais que comandaram essa batalha socialista. Seabra, aliás, não deixou os seus créditos por mãos alheias e mostrou que, ao que parece, vale tudo.

Nesse dia, dirigentes socialistas como José Sócrates e Vieira da Silva (porta-voz do partido) mostravam-se perplexos com a agitação da campanha na lota de Matosinhos. Tão perplexos, digo eu, que Manuel Seabra até foi penalizado com o cargo de deputado...

Ainda nesse mesmo dia, o líder da Federação do PS/Porto, Francisco Assis, e o presidente da concelhia socialista do Porto, Nuno Cardoso, denunciaram “as tristes cenas” registadas na lota.

Tão tristes que Manuel Seabra pode hoje continuar e espalhar arrogância, ódio e veneno por uma Comissão Parlamentar que se chama de Ética.

Por tudo isto, Miguel Relvas tem a vida facilitada. Não sei se o ministro fuma, mas se for caso disso, basta dar um leve toque de humor ao mensageiro do PS que logo verá as labaredas a sair  por todos os poros do deputado socialista.

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