O PS vai
utilizar do seu direito potestativo para levar o ministro Miguel Relvas à
Comissão de Ética do Parlamento, no próximo dia 3.
Supostamente
o impoluto ministro irá dizer o que bem entender sobre os seus (neg)ócios de estimação
com o jornal Público. Como em tudo o que envolve Miguel Relvas, a montanha nem
sequer um rato vai parir.
Quem
anunciou a iniciativa foi o deputado Manuel Seabra. Logo por aqui se pode imaginar
o que vai dar. Com algum ingénuo optimismo ainda se poderia valorizar a
mensagem. Mas a honorabilidade política do mensageiro deita tudo por terra.
Se calhar,
admito, nesta questão Ética o PS não tem melhor. E, de facto, entre Manuel
Seabra e Ricardo Rodrigues venha o Diabo e escolha.
Quem não se
recorda, por exemplo, de ver Manuel Seabra expelir fogo e ódio no ataque que,
na Comissão de Ética (ainda por cima de Ética), dirigiu à jornalista Manuela
Moura Guedes?
Dizem-me que
é uma questão de estilo. Poderá ser.
Aliás, é bem verdade que já vem de longe, de muito longe.
Manuel
Seabra tem, sobretudo quando fala, o condão de me trazer à memória (e esta
coisa de ter memória é claramente um defeito de fabrico) o que em se passou em
2004 na lota de Matosinhos, quando Sousa Franco morreu de ataque cardíaco.
A lota de
Matosinhos tornou-se nesse fatídico dia 9 de Junho num autêntico campo de
batalha socialista, sem ética e sem dignidade. As duas forças em confronto eram
chefiadas por Narciso Miranda e Manuel Seabra, ambos do PS, e candidatos à
Câmara de Matosinhos nas autárquicas de 2005.
Já nessa
altura, e se calhar há defeitos congénitos que nenhum tipo de cosmética altera,
Manuel Seabra mostrava que não olhava a meios para atingir os seus fins.
Embora pouco
tempo tenha permanecido na lota, Sousa Franco não resistiu. Merecia mais
respeito por parte destes socialistas. Não o teve e pagou caro.
Nesse dia,
os apoiantes de Narciso e de Seabra mostraram ao mundo o que a guerra pelos
tachos leva as pessoas a fazer. Nessa batalha o mais inocente dos políticos
presentes, Sousa Franco, pagou com a vida a sua entrega à causa pública.
Sãos e
salvos e dispostos, como ainda hoje se vê na Assembleia da República, continuam
os oficiais que comandaram essa batalha socialista. Seabra, aliás, não deixou
os seus créditos por mãos alheias e mostrou que, ao que parece, vale tudo.
Nesse dia,
dirigentes socialistas como José Sócrates e Vieira da Silva (porta-voz do
partido) mostravam-se perplexos com a agitação da campanha na lota de
Matosinhos. Tão perplexos, digo eu, que Manuel Seabra até foi penalizado com o
cargo de deputado...
Ainda nesse
mesmo dia, o líder da Federação do PS/Porto, Francisco Assis, e o presidente da
concelhia socialista do Porto, Nuno Cardoso, denunciaram “as tristes cenas”
registadas na lota.
Tão tristes
que Manuel Seabra pode hoje continuar e espalhar arrogância, ódio e veneno por
uma Comissão Parlamentar que se chama de Ética.
Por tudo
isto, Miguel Relvas tem a vida facilitada. Não sei se o ministro fuma, mas se
for caso disso, basta dar um leve toque de humor ao mensageiro do PS que logo
verá as labaredas a sair por todos os
poros do deputado socialista.
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