Palavras
para quê? O secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social é um
artista português. Está tudo dito.
Marco
António Costa afirma que o Governo não faz "interpretações criativas"
dos números do desemprego, vincando a "atitude de grande preocupação e
respeito" do Executivo por quem está naquela situação.
Não sei se usa
pasta medicinal Couto, mas que os dentes brilham, isso brilham. Mas para se ver
o brilho a boca tem de estar aberta. E sempre que abre a boca, ou sai asneira ou
entra mosca. Essa de o Governo ter “grande preocupação e respeito” com os
desempregados permitiu a entrada de um moscão.
"Não fazemos
interpretações criativas do fenómeno do desemprego, não desvalorizamos o
fenómeno e assumimos sempre uma atitude de grande preocupação e respeito pelas
pessoas que estão nessa situação", referiu mais exactamente o MAC,
mostrando que se o valor dos desempregados se medisse pela credibilidade das
análises destes políticos, Marco António Costa amesquinhava-os em toda a linha.
O que
importa para a equipa que integra Marco António Costa é que os portugueses
estão mesmo a aprender a viver sem comer. E para os ajudar nessa missão, o
governo faz tudo o que pode. E o desemprego é, reconheço, uma boa estratégia
para obrigar os mais relutantes a cumprir este supremo objectivo.
À margem da
inauguração de uma creche em Barcelos, o secretário de Estado da Segurança
Social sublinhou que "o desemprego tem preocupado permanentemente este
Governo", acrescentando que "não há nenhuma declaração" do
Executivo, durante o último ano, que "desvalorize" o fenómeno.
Tem razão.
Quando Passos Coelho apela aos portugueses para que adoptem uma "cultura
de risco" e considera que o desemprego não tem de ser encarado como
negativo e pode ser "uma oportunidade para mudar de vida"… não está,
obviamente, a desvalorizar o fenómeno. Pelo contrário.
MAC disse
ainda que o Governo "não está parado nem de braços cruzados" perante
o desemprego e recordou que já foi lançado o programa Estímulo 2012, "uma
medida activa de emprego" que visa combater, já este ano, aquele
"flagelo".
Não sei se
do programa Estímulo 2012 existe alguma cláusula que diga aos desempregados, um
milhão e duzentos mil, que não cruzem os braços e que lhes explique como
aproveitar a sua situação como “uma oportunidade para mudar de vida”. Se calhar não diz. Cá para mim, no âmbito da
tal “cultura de risco”, bem que os portugueses poderiam optar por enfiar um
balázio na mona destes políticos.
Com isso não
só mudariam de vida (se fossem presos sempre teriam o que cá fora lhes falta:
comida) como ajudariam os outros desempregados a livrar-se dos que em vez de
ser uma solução para o problema são um
problema para a solução.
"Acompanho
integralmente todas as declarações do ministro das Finanças e o trabalho, no
seu todo, que o Governo está a fazer tem sempre no centro das suas preocupações
o desemprego", rematou Marco António Costa, como se estivesse a falar nume
reunião interna dos autómatos do seu partido.
MAC segue,
aliás, tudo o que o seu sumo pontífice diz. Por isso, os portugueses devem ver,
sentir e ampliar o exemplo de Passos Coelho que, como próprio diz, não tem “aversão ao risco” (sobretudo depois
de ter mentido descaradamente para ganhar as eleições) e aproveita “a
oportunidade para mudar de vida”, mesmo sendo à custa da implantação da
escravatura no seu reino.
"Estar
desempregado não pode ser, para muita gente, como é ainda hoje em Portugal, um
sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma, tem de
representar também uma oportunidade para mudar de vida, tem de representar uma
livre escolha também, uma mobilidade da própria sociedade", diz Passos
Coelho.
Creio,
aliás, que o governo está mesmo a pensar dar um prémio chorudo (certamente
depositado via Dias Loureiro num qualquer off-shore) aos empresários que maior
contributo derem em matéria de despedimentos, sendo certo que a listagem desses
empresários será feita por MAC.
"No
curto prazo, no meio da crise em que estamos, claro que é preferível ter
trabalho, mesmo precário, do que não ter, claro que é preferível trabalhar mais
do que não trabalhar, vender mais barato do que não vender", mas "o
modelo para o futuro tem de ser o de acrescentar valor", reforça o sumo
pontífice do reino.
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