O ministro português
das Finanças, tal como o Governo, é dono
da verdade. Quem pensar o contrário ainda não é mas poderá um dia destes ser
acusado de crimes contra o Estado.
Então não é
que, segundo Vítor Gaspar, apresentar uma moção de censura ao governo é o mesmo
que optar "pela irresponsabilidade e pela bancarrota"? Ficou hoje a saber-se
que. segundo o ministro, insistir na reestruturação da dívida pública é um
crime porque essa opção, garante, foi rejeitada em eleições.
Creio que
Vítor Gaspar se referia às eleições em que Pedro Passos Coelho mentiu
descaradamente aos portugueses tendo, é claro, como único objectivo chegar à
gamela.
Durante o
debate da moção de censura do PCP ao Governo, no Parlamento, Vítor Gaspar
acusou os comunistas de fazerem tudo para quebrar o "ambiente de paz e
diálogo social" em Portugal, que apontou como indispensável para o sucesso
do país.
Por outras palavras,
quem se atrever a defender os escravos e a lutar contra a institucionalização
do esclavagismo está, inequivocamente, a destruir o "ambiente de paz e
diálogo social" em que vivem os portugueses que estão quase a saber viver
sem comer e, ainda, a morrer sem ir ao médico.
Diz o
impoluto ministro que o Governo PSD/CDS-PP conseguiu um "progresso"
na correção dos desequilíbrios macroeconómicos e dos níveis de endividamento
"digno de registo" e uma "redução significativa dos diferenciais
de juros da dívida pública portuguesa".
Também
conseguiu criar um milhão e duzentos mil desempregados, 20 por cento de
miseráveis e outros tantos que já empenharam aquelas coisas que não servem para
nada: os pratos.
Vítor Gaspar,
com aquele angelical ar de quem não faz mal (e não faz mesmo) aos… seus, considerou que o Governo tem de gerir
permanentemente "riscos e incertezas consideráveis", que nunca
escondeu dos portugueses, e acrescentou: “Se o sucesso for certo, a crise
estará ultrapassada. Se o fracasso for certo, não teremos apenas crise, mas
antes uma catástrofe".
E no caso de
catástrofe, que já está aí ao virar da esquina, os acólitos de Passos Coelho lá
terão, com visível sacrifício, de se juntar aos pobres do reino, onde já estão –
entre outros - Cavaco Silva, Joaquim Pina Moura, Jorge Coelho, Armando Vara,
Manuel Dias Loureiro, Fernando Gomes, António Vitorino, Luís Parreirão, José
Penedos, Luís Mira Amaral, António Castro Guerra, Joaquim Ferreira do Amaral,
Filipe Baptista, Ascenso Simões, António Mexia, Faria de Oliveira e Eduardo
Catroga.
Segundo
Vítor Gaspar, o PCP insiste "na sua
estratégia errada e irresponsável" de "reestruturação da
dívida", mas "o país rejeitou e continua a rejeitar a opção pela
irresponsabilidade e pela bancarrota".
Tem razão. Os
portugueses não vão na cantiga do PCP. Aliás, já nem voz têm para cantar. Estão
solidários com um governo que os pôs a sonhar com refeições, a viver de farelo
e morrer em silêncio.
O ministro
das Finanças alegou que essa opção "penalizaria os mais desfavorecidos e
os mais vulneráveis" e levaria a "um brutal e imediato empobrecimento
do país" e acusou os comunistas de esconderem "estes custos brutais,
revelando uma indiferença irresponsável pelos resultados concretos".
Mais uma vez
Vítor Gaspar tem razão. Se para resolver a situação num ano é preciso que os escravos
portugueses só tenham uma refeição por dia, porque carga de chuva não pode o
governo resolver o problema em meio ano, obrigando os cidadãos viver sem
nenhuma refeição durante esse tempo?
Do alto da
sua douta sabedoria, Vítor Gaspar garantiu que o Governo não desiste, não
esconde "custos, riscos e incertezas" e vai continuar a trabalhar
para recuperar "bases de confiança e credibilidade para superar a
crise".
Credibilidade
bem visível na tese, entre outras, do primeiro-ministro quando disse que “que
ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam”, acrescentando que “os
que têm mais terão de ajudar os que têm menos”.
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