O PSD
anunciou hoje que vai votar contra o requerimento do PS para ouvir o ministro
Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, no Parlamento.
Diz o PSD
que a deliberação da sua filial, que dá pelo nome de Entidade Reguladora para a
Comunicação Social (ERC), sobre o caso Público foi “absolutamente
esclarecedora”. E foi mesmo.
Segundo a
vice-presidente da bancada social-democrata, Francisca Almeida, o relatório da ERC, foi “feito por técnicos e
sufragado pelo Conselho Regulador”, é “absolutamente esclarecedor”.
Sufragado,
esclareça-se, por três dos cinco membros daquela filial do PSD, por sinal
escolhidos pelo impoluto ministro Miguel Relvas.
Francisca
Almeida, ao bom estilo não de Francisco Sá Carneiro mas de Pedro Passos Coelho
e acólitos, acusa o PS de estar “porventura
refém de alguns fantasmas do passado” e de querer “continuar a fazer um
aproveitamento político desta questão”.
“Cremos que
nem os portugueses compreenderiam que o Parlamento continuasse a debruçar-se
sobre esta questão quando ela está já esclarecida. O PSD votará contra o
requerimento do PS”, concluiu.
Também não
percebo a razão pela qual o PS quer continuar o folhetim, e logo ele que tem (muitos)
telhados de vidro e é conivente ao aceitar escolher dois sipaios para decorar a
ERC.
A deliberação
da filial do PSD diz que o ministro Miguel Relvas não fez “pressões ilícitas”
ao jornal ou à jornalista Maria José Oliveira, e que “não se verificou a
existência de um condicionamento da liberdade de imprensa”.
Tivesse sido
Miguel Relvas a redigir a deliberação e não teria feito melhor texto. Aliás,
não terá sido mesmo ele a escrevê-la?
A ERC/Filial
do PSD não deu como provado que Miguel Relvas tenha ameaçado promover um
blackout informativo de todo o Governo ao Público. Tal como não deu como
provado que o ministro tenha ameaçado divulgar na Internet um dado da vida
privada da jornalista Maria José Oliveira, responsável pela cobertura
jornalística do chamado “caso das secretas”.
Ou seja,
concluiu aquilo que todos já sabiam que iria concluir. Apesar disso,
compreende-se. Aquela malta precisa de justificar o que ganha e, para isso, não
basta (embora ajude) Carlos Magno elogiar a gravata do patrão.
A filial do
PSD, numa tentativa caricata e histriónica de querer parecer séria, salienta o
“tom exaltado” de Miguel Relvas e a ameaça de deixar de falar com o Público e
admite que este comportamento “poderá
ser objecto de um juízo negativo no plano ético e institucional”.
E assim se
faz a história da actual política portuguesa em que, sem nenhuma originalidade,
se põe os sipaios escolhidos pelo chefe do posto a analisar o comportamento
desse mesmo chefe do posto. Tudo, é claro, a bem da nação…
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